BLOQUE ZONA LIVRE em Construção

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

PASSAGENS DA GUERRA REVOLUCIONÁRIA: O Ataque a Bueycito

, por Cmte. Che Guevara

Junto com as primeiras manifestações de vida independente, começaram os problemas na guerrilha. Havia agora que estabelecer uma disciplina rígida, Formar os comandos e estabelecer de alguma forma um Estado Maior para assegurar o sucesso em novos combates, tarefa nada fácil dada a pouca disciplina dos combatentes.

De uma casa, enquanto transitava pela rua principal do povo, saiu um homem; gritei-lhe o "alto quem vive", o homem acreditando que era um companheiro se identificou "A Guarda Rural"; quando fui apontar para ele entrou na casa, fechou rapidamente a porta e ouviu-se dentro um ruido de mesas, assentos e cristais quebrados, enquanto alguém pulava atrás em silêncio; foi quase um contrato tácito entre o guarda e eu, pois não me convinha disparar já que o importante era tomar o quartel, e ele não deu nenhum grito de aviso a seus companheiros.

Seguimos avançando procurando as posições para os últimos homens quando a sentinela do quartel avançou admirado pela quantidade de cães que ladravam e provavelmente ao escutar os ruídos do encontro com o soldado. Encontramo-nos cara a cara, apenas uns metros de distância; tinha a Thompson montada e ele um Garand: meu acompanhante era Israel Pardo; dei alto e o homem que levava o Garand preparado, fez um movimento, para mim foi suficiente: apertei o gatilho com a intenção de descarregar-lhe o carregador no corpo; porém fracassou a primeira bala e fiquei indefeso. Israel Pardo atirou, mas o seu pequeno fuzil 22, defeituoso, tampouco disparou. Não sei bem como Israel saiu com vida, minhas recordações referem-se só a mim que, no meio de aguaceiro de tiros do Garand do soldado, corri com uma velocidade que nunca voltei a ter e passei, já no ar, dobrando a esquina para cair na rua transversal e compor ali a metralhadora; no entanto, o soldado impensadamente tinha dado o sinal de ataque, pois este foi o primeiro disparo que se escutou. Ao ouvir tiros por todos os lados, o soldado, intimidado, ficou escondido numa coluna e ali o encontramos ao finalizar o combate que apenas durou uns minutos.

Enquanto Israel ia fazer contato, cessava o tiroteioe chagava já a notícia da rendição.

No quartel havia doze guardas dos quais seis estavam feridos, nós tínhamos sofrido uma baixa definitiva, a do companheiro Pedro Rivero.

Ao chegar às colinas novamente, inteiramo-nos de que estava estabelecido o estado de sítio, a censura e, além disso a grande perda que tinha sofrido a Revolução, ao ser assassinado Frank País nas ruas de Santiago. Desta maneira acabava uma das vidas mais puras e gloriosas da Revolução cubana, e o povo de Santiago, da Habana e de toda Cuba lançava-se à rua na greve espontânea de agosto, caía numa censura total a semicensura do governo, e iniciávamos um tempo novo, expresso pelo silêncio dos murmuradores pseudoposicionistas e os selvagens assassinatos cometidos pelos batistianos em toda a Cuba que se punha em pé de guerra.

com Frank País perdemos um dos mais valiosos lutadores, mas a reação ante seu assassinato demonstrou que novas forças se incorporaram à luta e que crescia o espírito combativo do povo.

Próxima passagem da guerra revolucionária: O Combate de El Hombrito

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