BLOQUE ZONA LIVRE em Construção

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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Passagens da Guerra Revolucionária - Combate de La Plata (Primeiro Combate Vitorioso)

Agosto- mês Cmte. Fidel Castro








Contada por Cmte. Ernesto Che Guevara

O ataque a um pequeno quartel que existia na desembocadura do rio de La Plata, na Sierra Maestra, constituiu nossa primeira vitória e teve certa ressonância, mas distante que a abrupta região onde se realizou. Foi um chamado de atenção a todos, a demonstração de que o Exército Rebelde existia e estava disposot a lutar e, para,nós, a confirmação de nossas possibilidades de vitória final.

No dia 14 de janeiro de 1957, pouco mais de um mês depois da surpresa de Alegría de Pío, paramos no rio Magdalena. Ali fizemos alguns exercícios de tiro, ordenados por Fidel para treinar algo às pessoas; alguns dispararam pela primeira vez na sua vida. ali tomamos um banho também, depois de muitos dias de ignorar a higiene e, os que puderam, mudaram suas roupas. Naquele momento havia vinte e três armas efetivas; nove fuzis com olho mágico telescópio, cinco semi-automáticos, quatro de ferrolho, duas metralhadoras Thompson, duas pistolas metralhadoras e uma espingarda calibre 16. À tarde desse dia subimos a última colina antes de chegar às imediações de La Plata. Seguíamos um estreito trilho da floresta transitado po muito poucas pessoas e marcado especialmente para nós a força de facão por um camponês da região, chamado Melquiades Elías. Este nome nos foi dado por nosso guia Eutimio, que nesse tempo era imprescindível para nós e a imagem do camponês rebelde; mas algum tempo depois foi capturado por Casilla, quem em vez de matá-lo comprou a oferta de $10.000 e um grau no exército se matava a Fidel. Esteve muito próximo de sua tentativa, mas lhe faltou valor para fazê-lo; porém muito importante foi sua ação, delatando nossos acampamentos.

Naquela época, Eutimio nos servia lealmente; era um dos tantos camponeses que lutavam por suas terras contra os latifundiários da região, e quem lutasse contra os latifundiários, lutava ao mesmo tempo contra a guarda que era a servidora daquela classe.

durante o caminho desse dia, levamos prisioneiros dois camponeses que resultaram ser parentes do guia: um deles foi posto em liberdade mas o outro foi retido, como medida precautória. O dia seguinte, 15 de janeiro, avistamos o quartel de La Plata, a meio construir, com sua lâminas de zinco e vimos um grupo de homens semi-nus nos quais se adivinhava, no entanto, o uniforme inimigo. Pudemos observar como, à seis datarde, antes de cair o sol, chegava uma lancha carregada de guardas, descendouns e subindo outros. Como não compreendemos bem as evoluções decidimos deixar o ataque para o dia seguinte.

Desde o amnanhcer do dia 16 começou a observação do quartel. Tinham retirado o guarda-costas da noite; se iniciaram trabalhos deexploração mas não se viam soldados por nenhuma parte. Às três da tarde, decidimos ir aproximando-nos ao caminho que sobe do quartel bordejando o rio para tratar de observar algo; ao anoitecer, cruzamos o rio La Plata que não tem profundidade nenhuma e nos colocamos a caminho; aos cinco minutos, levamos prisioneiros dois camponeses. Um dos homens tinha alguns antecedentes de informante; ao saber quem éramos e ao expressar-lhes que não tínhamos boas intenções se não falavam claro, deram informações valiosas. Havia uns soldados no quartel, aproximadamente uns quinze, e, além disso, pouco depois devia passar um dos três famosos maiorais da região: Chicho Osório. Estes maiorais pertenciam ao latifúndio da família Laviti que tinha criado um enorme feudo e o mantinha mediante o terror com a ajuda de indivíduos como Chicho Osório. ao pouco tempo, apareceu o nomeado Chicho, bêbado, montado em uma mula e com um pretinho a cavalo. Universo Sánchez, lhe deu alto em nome da guarda rural. e este rapidamente respondeu: "mosquito"; era a senha.

Apesar de nosso aspecto patibulário, talvez pelo grau de embriaguez desse sujeito, pudemos enganar Chicho Osório. Fidel , com ar indignado, lhe disse que era um coronel do exército que vinha investigar por que razão não se tinha liquidado já os rebeldes, que ele sim se metia no monte, por isso estava barbudo, que era um "lixo" o que estava fazendo o exército; enfim, falou bastante mal da atuação das forças inimigas. Com grande submissão, Chicho Osório contou que, efetivamente, os guardas passavem bem no quartel, que só comiam, sem agir; que faziam percursos sem importância; manifestando enfaticamente que havia que liquidar todos os rebeldes. Começou a fazer discretamenteuma relação das pessoas inimigas e inimigas da zona, perguntandopor elas a Chico Osório. Perguntou-lhe Fidel o que faria ele com Fidel Castro no caso de prendê-lo, e então respondeu com um gesto explicativo que havia que partir-lhes os... igualmente opinou de Crescencio. Olhe, disse, mostrando os sapatos de nossa tropa, de fatura mexicana, "de um desses filhos de.... que matamos". Ali, sem sabê-lo, Chicho Osório tinha assinado sua própria sentença de morte. No final, ante a insinuação de Fidel, assentiu a guiar-nos para surpreender a todos os soldados e demostrar-lhes que estavam muito mal preparados e que não cumpriam com o seu dever.

Aproximamo-nos em direção ao quartel, tendo como guia Chicho Osório, embora pessoalmente não estava muito certo de que aquele homem já não tivesse percebido o estratagema.

Seguiu porém com toda a ingenuidade, pois estavatão bêbado que não podia discernir; ao cruzar novamenteo rio para aproximar-nos do quartel, fidel disse-lheque as ordenanças militares estabeleciam que o prisioneirodevia estar amarrado; o homem não oôs resistência, seguiu como prisioneiro, embora sem sabê-lo. Explicou que a única guarda estabelecida era uma entrada no quartel em construção e a casa de outro dos maiorais chamado Honório, e guiou-nos até o lugar próximo ao quartel por onde passava o caminho ao Macío.

Tínhamos preparado o ataque com vinte e duas armas disponíveis. Era um momento importante, pois tínhamos poucas balas; havia que tomar o quartel de todas as maneiras, o não tomá-lo significava gastar todo o parque, ficar praticamente indefesos. O companheiro tenente Julio Díaz, caído gloriosamente em El Uvero, com Camilo Cienfuegos, Benítez e Calixto Morales, com fuzis semi-automáticos, cercariam a casa guano pela extrema direita. Fidel, Universino Sánchez, Luis Crespo, Calixto García, Fajardo e eu, atacaríamos pelo centro. Raúl com sua esquadra e Almeida com a sua, o quartel, pela esquerda.

Assim fomos aproximado-nos às posições inimigas até chegar a uns quarenta metros. Havia boa lua. Fidel começou o tiroteio com duas rajadas de metralhadora e foi seguido por todos os fuzis disponíveis. Imediatamente, se ordenou que os soldados se rendessem, mas sem resultado nenhum. No momento de iniciar-se o tiroteio foi executado o informante e o assassino Chicho Osório.

O ataque tinha-se iniciado às duas e quarenta da madrugada e os guardas fizeram mais resitência do previsível, havia um sargento que tinha um M-1, e respondia com uma descargacada vez que lhe ordenávamos a rendição; deram-se ordens de disparar nossas velhas granadas de tipo brasileiro; Luis CRespo lançou a sua, eu a que me pertencia. Porém, não explodiram. Raúl Castro lançou dinamite sem niple e esta não fez nenhum efeito. Havia então que aproximar-se e queimar as casas ainda com risco da prórpia vida; naquele momento Universo Sánchez tentou fazê-lo primeiro e falhou, depois Camilo Cienfuegos tampouco pôde fazê-lo, e no final, eu e Luis Crespo aproximamos-nos a um rancho que este companheiro incendiou. À luz do incêncio pudemos ver que era simplesmente um lugar onde guardavam os frutos do coqueiral próximo, mas intimidamos os soldados que abandonaram a luta. Um fugindo foi quase chocar contra o fuzil de Luis Crespo que o feriu no peito, o despojou da armae seguimos disparando contra o sargento que fugia e esgotou os poucos cartuchos de que dispunha.

Os soldados, quase sem defesa, eram sem clemência feridos por nossas balas. Camilo Cienfuegos entrou primeiro, por nosso lado, à casa de onde chegavam gritos de rendição. Fizemos rapidamente o balanço que tinha deixado o combate em armas: oito Springfield, uma metralhadora Thompson e uns mil tiros; tínhamos gastado uns quinhentos tiros aproximadamente. Além disso, tínhamos cintos de cartucho, combustível, facas roupas, alguma comida. A contagem de baixas: eles tinham dois mortos e cinco feridos, além disso três prisioneiros. Alguns junto com o informante Honório, tinham fugido. Por nossa parte, nem um arranhão. Pegamos fogo nas casas dos soldados e nos retiramos, logo de prestar atenção da melhor maneira possível aos feridos, três deles de muita gravidade que logo morreram, segundo nos informaram depois da vitória final, os deixamos aos cuidados dos soldados prisioneiros. Um destes soldados, se incorporou depois às tropas do comandante Raúl Castro e alcançou o grau de tenente, morrendo num acidente aéreo já depois de ganha a guerra.

Sempre contrastava nossa atitude com os feridos e a do exército que não só assassinava nossos feridos senão que abandonava os seus. Esta diferença foi fazendo seu efeito com o tempo e constituiu um dos fatores de triunfo. Ali, com muita dor para mim, que sentia como médico a necessidade de manterreservas para nossas tropas, ordenou fidel que se proporcionasse aos prisioneiros todas as medicinas disponíveis para o cuidado dos soldados feridos, e assim fizemos. Deixamos também em liberdade os civis e, às quatro e trinta da manhã do dia 17, saíamos ruma a Palma Mocha, onde chegamos ao amanhcer internando-nos rapidamente, procurando as zonas mais abruptas da Maestra.

Este foi o primeiro combate vitorioso dos exércitos rebeldes; neste e no combate seguinte, foi o único momento da vidade nossa tropa onde nóstivemos mais armas que homens... O camponêsnão estava preparado para se incorporar à luta e a comunicação com as bases da cidade não existia.

Próxima passagem da guerra revolucionária: Combate de "Arroyo Del Infierno"