BLOQUE ZONA LIVRE em Construção

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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

PASSAGENS DA GUERRA REVOLUCIONÁRIA: O Combate de El Hombrito

, por Cmte. Ernesto Che Guevara

A coluna formada tinha só um mês de vida e já começávamos as tentativas de nossa vida sedentária na Sierra Maestra. Estávamos no vale chamado El Hombrito.

Ainda era muito novata a força, havia que preparar os homens antes de sujeitá-los a correrias mais duras, mas as exigências de nossa guerra revolucionária obrigavam a apresentar combate em qualquer momento.

Tínhamos a obrigação de encontrar as colunas que invadissem o que já começava a ser território livre de Cuba, uma certa parte da SierraMaestra.

Coloquei-me em posição enquanto víamos ascender a cabeça da coluna , trabalhosamente. A espera se fazia interminável naqueles momentos e o dedo jogava sobre o gatilho de minha nova arma, o fuzil metralhadora Browning, pronto para entrar em ação pela primeira vez contra o inimigo. Por fim correu a voz de que se aproximavam , além disso se ouvia suas vozes despreocupadas e seu gritos estentórios; passou o primeiro, o segundo, o terceiro , pelo rochedo, mas infelismente iam muito separados um de outro e estava calculando que não daria tempo a que passasse a dúzia escolhida; quando contava o sexto ouvi um grito mais adiante e um dos soldados ergueu a cabeça como surpreendido; abri fogo imediatamente e o sexto homem caiu; em seguida se generalizou o fogo e, à segnda descarga do fuzil automático, desapareceram os seis hoemsn da estrada.

Dei a ordem de ataque à esquadra de Raúl Mercader enquanto alguns voluntários caíam também sobre o lugar e de ambos os lados tocamos fogo sobre o inimigo. O tenente Orestes, da vanguarda, o próprio Raúl Mercader, entre outros, avançavam e desde o rochedo faziam fogo à coluna inimiga, forte de uma companhia, ao comando do comandante Merob Sosa.

Rodolfo Vásques despojava a arma ao soldado ferido por mim, o qual, para mal de nossas aflições daquele momento, resultou ser um sanitário que só levava um revólver 45 da Guarda Rural com dez ou doze balas, os outros cinco tinham escapado despenhando-se do caminho em direção a sua direita e fugindo pelo leito de um arroio que ali existe. Ao pouco tempo começaram a soar os primeiros tiros de bazuka disparados pelas tropas que tinham-se recuperado um pouco maíuscula surpresa, já que não esperavam achar nenhuma resistência em sua marcha.

A metralhadora Maxim era a única arma de algum peso que tínhamos fora de meu fuzil metralhadora, mas não tinha funcionado e seu encarregado Julio Pérez fracassara no manejo desta arma.

Pelo lado de Ramiro Valdés, Israel Pardo e Joel Iglesias tinham avançado sobre o inimigo com suas quase infantis armas enquanto as espingardas faziam um ruído infernal disparando a qualquer lado, aumentando o desconcerto dos guardas. Dei a ordem de reitrada aos dois pelotões laterais e quando eles começaram a cumpro-la, começamos também a retirada deixando a esquadra de retaguarda encarregada de manter o fogo até que passasse todo o pelotão de Lalo Sardiñas, já que estava prevista uma segunda linha de resitência.

Quando nos retirávamos alcançou-nos Vilo Acunã que tinha cumprido sua missão, anuncaindo-nos a morte Hermes Leyva. Ao retirar-nos se ante nós um pelotão que enviara Fidel a quem eu tinha advertido da iminência do enfrentamento com forças superiores. Foi enviado pelo capitão Ignácio Pérez. Retiramo-nos a uns mil metros do lugar do combate e ali estabelecemos nossa nova emboscada à espera dos guardas. Estes chegaram ao pequeno planalto onde se tinha desenvolvido o combate e, ante nossos olhos, o cadáver de Hermes Lyva era queimado pelos guardas que assim exercitavam sua vingança. Nossa ira impotente se limitava disparar desde longe com fuzis e algumas rajadas que eles respondiam com bazucas.

Este combate nos provava a pouca preparação combativa de nossa tropa que era incapaz de fazer fogo com certeza sobre inimigos que se moviam a uma tão curta distância como a que existiu neste combate, onde não deve ter havido mais de dez ou 20 metros entre a cabeça da coluna inimiga e nossas posiçoes. Com tudo para nós era um triunfo muito grande, tínhamos detido totalmente a coluna de Merob Sosa que, ao anoitecer, se retirava e tínhamos obtido uma pequena vitória sobre eles com a minúscula recompensa de uma arma curta que nos custava, no entanto, a vidade um combatente valioso. Tudo isto tínhamos conseguido com um punhado de armas medianamente efetivas contra uma companhia completa, de cento e quarenta homens pelo menos, com todos os efetivos para uma guerra moderna e que tinha lançado uma profusão de tiros de bazucas sobre as nossas posições, tão a torto e a direito como os disparos de nossa gente ponta da vanguarda inimiga.

Próxima passagem da guerra revolucionária: Pino del Agua