BLOQUE ZONA LIVRE em Construção

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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

PASSAGENS DA GUERRA REVOLUCIONÁRIA: Adquirindo o Temperamento


Contada pelo Cmte. Che Guevara

Os meses de março e abril de 1957 foram de reestruturação e aprendizagem para as tropas rebeldes. Depois de recebido o reforço à partir do lugar denominado La Derecha, nosso exército tinha uns 80 homens.

Já não sobravam fuzis à tropa; ao contrário, lhe faltavam. Estávamos em uma nova época. Tinha-se produzido uma mudança qualitativa; havia toda uma zona onde o exército inimigo tratava de não intrometer-se para não colidir conosco, embora é certo que nós tampouco demonstrávamos ainda muito interesse em colidir com eles.

Batista manifestou que não era necessário falar com Fidel ou com os insubordinados; que Fidel Castro não estava na Sierra, dizia, e que ali não havia ninguém ; portanto, não havia por quê falar "com um grupo de foragidos".

Tínhamos por aquele momentoumas figuras simpáticas que serviram para a propagandastante grandesa, quase comercial, de nosso movimento, nos Estados Unidos, e que ocasionaram-no, dois deles sobretudo, algumas inconveniências. Eram os três moços ianques que escaparam de seus pais na Base Naval de Guantánamo, e que se tinham incorporado à luta. Dois deles nunca ouviram um tiro na Sierra e, esgotados pelo clima e as privações , bastante grandes, retiraram-se levados pelo jornalista Bob Taber o outroparticipou na batalha de Uvero e depois se retirou também, doente, mas agiu em um combate. Os moços ideológicamente, não estavam preparados para uma revolução e, simplesmente, saciaram seu desejo de aventuras em nossa companhia durante alguns meses. Despedimo-los com afeto, mas também com alegria. Sobretudo eu, pessoalmente, pois em minha qualidade de médico me encarregava deles frequentemente devido a que não toleravam os rigores da vida daquele tempo.

Naqueles mesmos dias, o governo passeou, em um avião do exército, a varios milhares de metros de altura, demostrando aos jornalistas que não havia ninguém na Sierra Maestra. Foi uma curiosa operação que não convenceu ninguém e uma demonstração da maneira que utilizava o governo batistiano para enganar à opnião pública.

Próxima passagem da guerra revolucionária: Uma Entrevista Famosa