BLOQUE ZONA LIVRE em Construção

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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Passagens da Guerra Revolucionária; uma Reunião decisiva


, por Cmte. Ernesto CHE Guevara

Durante todo a dia 3 de maio de 1958, realizou-se na Serra Maestra, em Los altos de Mompié, uma reunião quase desconhecida até agora, mas que teve a importância extraordinária na condução da estratégia revolucionária. Desde as primeira horas do dia até as 2h. da manhã, estiveram-se nalisando as consequências do fracasso do "9 de Abril"e o porquê dessa derrota, e tomando as medidas necessárias à reorganização do Movimento e a superação das debilidades consequentes à vitória da ditadura.

Embora, eu não pertencia à Direção nacional, fui convidado a participar nela a instâncias dos companheiros Faustino Pérez e René Ramos Latour (Daniel) aos que tinha feito fortes críticas anteriormente. Estávamos presentes, além dos nomeados, Fidel, Vilma Espin (débora na clandestinidade), Nico Torres, Luis Busch, Celia Sánchez, Marcelo Fernández (Zoilo naquela época), Haydée Santamaria, David Salvador e ao meio-dia uniu-se a nos Enso Infante (Bruno).

A reunião foi tensa,... (continua)



sábado, 3 de outubro de 2009

O que significa hoje internacionalismo?


O que significa hoje internacionalismo?
por Domenico Losurdo

Como pode exprimir-se hoje o internacionalismo? A situação mudou radicalmente em relação ao passado. Sob o ímpeto da falência do projecto hitleriano de retomar e radicalizar a tradição colonial, identificando na Europa de Leste o Velho Oeste a colonizar e germanizar, sob o ímpeto de Estalinegrado e da derrota infligida ao nazi-fascismo logo após a II Guerra Mundial, desenvolveu-se uma revolução anti-colonialista à escala planetária. Não foram apenas as colónias propriamente ditas a ser atingidas. Em países como os EUA e a África do Sul os povos de origem colonial rebelavam-se contra o estado racista e o regime da White supremacy. Ainda antes de encontrar expressão consciente nos partidos e forças de esquerda, o internacionalismo estava nos factos: abraçava os povos coloniais e de origem colonial, os países socialistas que apoiavam a revolução anti-colonialista e anti-racista, as massas populares do Ocidente que tinham sacudido o jugo do fascismo e que por vezes, como aconteceu com a Itália, puderam consagrar na Constituição a rejeição da guerra e da política de guerra e de hegemonia.

A revolução anti-colonial ontem e hoje

Para responder à pergunta inicial (como se configura hoje o internacionalismo?) devemos colocar uma pergunta preliminar: o que significa hoje a gigantesca revolução anti-colonial estimulada pela Revolução de Outubro
e acelerada por Estalinegrado? Não, essa revolução não desapareceu. Numa realidade como a palestiniana o colonialismo continua a subsistir na sua forma clássica, como demonstram a ininterrupta expansão das colónias israelitas nos territórios ocupados, a consequente expropriação, deportação e marginalização do povo palestino e a difusão de um regime de Apartheid, de acordo com a definição do próprio Jimmy Carter, antigo presidente dos EUA. E, todavia, não obstante a superioridade e o uso bárbaro da máquina de guerra israelense, apoiada pelos EUA e pela própria União Europeia, não obstante tudo isso, o povo palestino resiste heroicamente. A solidariedade com aquele que é nos nossos dias o povo mártir por excelência é um elemento essencial do internacionalismo.

Noutras partes do mundo, a luta entre colonialismo e anti-colonialismo manifesta-se de formas diversas. No continente norte-america
no, o séc. XX abria com uma significativa declaração de Theodore Roosevelt: à “sociedade civilizada” no seu todo, afirmava, competia um “poder policial internacional”, e tal poder os EUA tê-lo-iam exercido na América Latina. A partir desta retoma e radicalização da Doutrina Monroe, não têm conto as intervenções militares efectuadas pelos EUA para prejuízo dos seus vizinhos, considerados estranhos ao mundo civilizado e equiparados a bárbaros que precisam da tutela imperial. Acontece que a Doutrina Monroe caiu radicalmente em crise a partir de uma revolução que celebra nestes dias o seu quinquagésimo aniversário. No curso do meio século entretanto transcorrido, cada metade foi usada para isolar, difamar, estrangular e liquidar a revolução cubana, mas hoje a sua força e o seu significado internacional são confirmados nas mudanças em curso em países como a Venezuela, a Bolívia, o Equador, o Brasil, a Nicarágua, o Paraguai. Sob formas assaz diversas consoante o caso, a revolução anti-colonialista e anti-imperialista está em marcha na América Latina e também a essa se dirige a nossa solidariedade internacionalista.

No curso do séc. XX a revolução anti-colonialista rebentou também na Ásia e em África. E hoje? Para fazer o ponto da situação, convém compreender o alcance duma observação de Frantz Fanon, o grande teórico da revolução argelina. Quando se sentem levadas a capitular (escreve Fanon em 1961) as potências coloniais parecem dizer aos revolucionários: “Já que pretendem a independência, tomem-na e desapareçam do mapa”; de tal modo que “a apoteose da independência transforma-se na maldição da independência”. É a este novo desafio, de carácter não militar, que é preciso saber responder: “é preciso capital, técnicos, engenheiros, mecânicos, etc”. Por outro lado, já em 1949, ainda antes da conquista do poder, Mao havia insistido na importância da construção económica: Washington deseja que a China se “reduza a viver da farinha dos EUA”, acabando assim por “se tornar uma colónia estado-unidense”. E então, sem a vitória na luta pela produção, agrícola e industrial, a vitória militar estava destinada a revelar-se frágil e inconclusiva. Por outras palavras, Mao e Fanon de alguma maneira previram por um lado o estado de tantos países africanos que não conseguiram passar da fase militar à fase económica da revolução e, por outro, a mudança que se operou em revoluções anti-coloniais como a chinesa e a vietnamita.

O nascimento do Terceiro Mundo

Eis um ponto fundamental que é importante precisar. Perguntamo-nos de que modo se formou o Terceiro Mundo, o espaço tradicionalmente oprimido e saqueado pelo Ocidente colonialista e imperialista. Com um longo passado, em que manteve durante séculos ou milénios posição eminente no desenvolvimento da civilização humana, já em 1820 a China tinha um PIB que constituía 32% do Produto Interno Bruto Mundial; em 1949, no momento da sua fundação, a República Popular da China tornava-se o país
mais pobre, entre os mais pobres, do globo. Não muito diferente é a história da Índia que, ainda em 1820, contribuía com 15,7% para o PIB mundial, antes de cair, também ela, numa miséria terrível. Ou seja, não podemos compreender o processo de formação do Terceiro Mundo abstraindo-nos da política de saque e de desindustrialização conduzida pelas potências colonialistas e imperialistas.

Toussaint Louverture. Mas outra circunstância contribui para o processo de formação do Terceiro Mundo. Para compreendê-la, devemos reportar-nos a uma revolução que ocorreu no final do séc. XVIII, num país que hoje se chama Haiti, mas que então se chamava Santo Domingo. É uma revolução de escravos negros, que rompia ao mesmo tempo as cadeias do regime colonial e da instituição esclavagista; assim nascia no continente americano o primeiro país livre do flagelo da escravatura. A dirigir este processo de emancipação estava um jacobino negro, Toussaint Louverture, um grande personagem histórico, ignorado nos nossos livros de história, mas que numa sociedade democrática deveria obrigatoriamente figurar mesmo nos livros de educação cívica. Ora, depois da vitória militar, Toussaint Louverture colocou o proble
ma da construção económica: para tal fim quis usar também os técnicos e peritos brancos provenientes das fileiras do inimigo derrotado; razão pela qual foi acusado ou suspeito de querer restaurar o domínio branco e assim trair a revolução. Daí resultou uma tragédia que ainda nos deve fazer reflectir. Santo Domingo foi uma ilha muito rica, graças ao açúcar produzido nas plantações de grandes dimensões e eficiência notável, e largamente exportado. É certo que a riqueza produzida pelos escravos era para proveito dos seus patrões. Seria possível a antigos escravos fazerem funcionar em seu próprio benefício a economia desenvolvida por eles, herdada graças à revolução? Infelizmente, após a derrota dos homens de Toussaint Louverture, Santo-Domingo/Haiti adoptou uma atrasada agricultura de subsistência. A ilha conhecia assim a miséria generalizada e é ainda um dos países mais pobres do globo. Em conclusão, a formar o Terceiro Mundo há também os países que não são capazes de passar da fase militar para a fase económica da revolução, os países onde, por um motivo ou outro, a revolução anti-colonial conhece a derrota ou o fracasso.

O Imperialismo e a condenação dos povos rebeldes à fome

Nada se compreenderá da luta entre o colonialismo e o anti-colonialismo, entre o imperialismo e anti-imperialismo, se não se tiver em conta que ela é conduzida inclusive no plano económico. Imediatamente após a revolução liderada por Toussaint Louverture, Thomas Jefferson declarou que queria reduzir à “inanição” o país que teve a audácia de abolir a escravatura. Esta mesma história repetiu-se no séc. XX. Imediatamente após Outubro de 1917, Herbert Hoover, na época um alto funcionário da administração Wilson e
mais tarde presidente dos Estados Unidos usou explicitamente a ameaça de "fome absoluta" e de "morte por inanição” não apenas contra a Rússia soviética, mas contra todos os povos propensos a deixar-se contagiar pela revolução bolchevique. É uma política que continua até hoje: é notório para todos que o Imperialismo procura estrangular economicamente Cuba e possivelmente reduzi-la à condição de Gaza, onde os opressores podem exercer o seu poder de vida e morte, mesmo antes dos bombardeamentos terroristas, com o controlo de recursos vitais. No que respeita à República Popular da China, no início dos anos 1960 um funcionário da administração Kennedy, Walt W. Rostow, vangloriou-se com o facto de os Estados Unidos terem conseguido atrasar por "dezenas de anos” o desenvolvimento económico do grande país asiático! E contra esse Washington ainda hoje conduz uma política de embargo tecnológico, a política que até ao fim foi levada a cabo contra a União Soviética.

Portanto, a solidariedade internacionalista deve ser aplicada também aos países que conseguem passar da fase militar à fase mais propriamente económica da revolução anti-colonialista e anti-imperialista. Os líderes da América Latina estão conscientes da importância desta fase de transição. Para dar apenas um exemplo, há algum tempo atrás o vice-presidente da Bolívia lançou uma palavra de ordem assaz significativa: "industrialização ou morte!" Aos olhos de Alvaro Garcia Linera trata-se de realizar “o desmantelamento progressivo da dependência económica colonial”. Nesta perspectiva torna-se importante o crescente intercâmbio comercial e tecnológico com um país como a China: torna menos grave a ameaça de estrangulamento económico agitada pelo Imperialismo e torna assim mais fácil a luta contra a doutrina Monroe também no plano económico.

Já se delineia uma convergência entre os países e povos protagonistas da revolução anti-colonialista e anti-imperialista. É uma frente internacionalista que tende a alargar-se. Depois da vitória conseguida na Guerra Fria, valendo-se também da cumplicidade da União Europeia, os EUA transformaram em semi-colónias países como a Albânia e territórios como o Kosovo. Confirma-se a tese que enunciei segundo a qual para formar o Terceiro Mundo e o espaço colonial e semi-colonial de que precisa o capitalismo, surgem por um lado a iniciativa directa do Imperialismo e do outro a falência ou derrota de determinadas revoluções, seja por causas internas seja pela intervenção repetida do Imperialismo. Não se deve esquecer que a própria Rússia, depois da restauração do capitalismo, se estava a tornar ou arriscava tornar-se uma semi-colónia. E até mesmo este país mostra uma resistência ao louco projecto de Washington de impor o seu domínio a nível mundial.

Infelizmente, a esta frente anti-colonialista e anti-imperialista que poderia constituir-se falta ainda uma componente essencial: ela não desfruta ainda da plena solidariedade dos movimentos de oposição que efectivamente se manifestam nos países capitalistas avançados. Como explicá-lo? Não se trata de um problema novo. Na Segunda Internacional não faltavam por certo na Europa as vozes que justificavam o expansionismo colonial em nome da exportação da civilização. As vozes duramente contrastantes foram, entre outras, de Rosa Luxemburgo. Hoje, a ideologia dominante prefere falar de direitos humanos e de luta contra o autoritarismo, o totalitarismo, o fundamentalismo, mas a substância colonialista ou neocolonialista de tal conduta não muda.

O Imperialismo como inimigo principal dos direitos do homem

Para perceber isto, não é preciso voltar a Marx ou a Lenine. Quero aqui retomar o sentido do discurso pronunciado a 6 de Janeiro de 1941 por Franklin Delano Roosevelt. Na proposta para que não mais se perca de vista “a supremacia dos direitos humanos", para além da tradicional liberdade da tradição liberal (liberdade de expressão e religião), o presidente estado-unidense teoriza também o "libertar-se da necessidade" ( freedom from want ) e o "libertar-se do medo" ( freedom from fear ). Concentremo-nos inicialmente nestes dois últimos. Bem, não só uma parte substancial da população dos EUA carece ainda de cuidados de saúde, mas as sucessivas administrações nos últimos tempos em Washington empenharam-se numa espécie de cruzada planetária para acabar com o estado social mesmo nos países em que ele existe em maior ou menor medida. Teorizando em vez disso sobre o “libertar-se do medo”, F. D. Roosevelt tem em vista a Alemanha Nazi, que ameaçava invadir os países vizinhos e próximos. Hoje são em primeiro lugar os EUA a fazer pesar sobre cada parte do mundo o medo e a angústia dos bombardeamentos, das destruições em larga escala e até mesmo da aniquilação nuclear. Com o objectivo de encetar a política do “libertar-se do medo”, em polémica indirecta contra o Terceiro Reich, F. D. Roosevelt invocava a “redução” dos armamentos. Hoje os EUA sozinhos gastam em armamento o mesmo que o resto do mundo em conjunto. Isto é, pelo menos no que respeita a estes "direitos humanos" fundamentais que são o "libertar-se do querer" e "libertar-se do medo", o principal inimigo é o próprio país que aspira a ser o juiz inapelável da causa dos direitos humanos.

Do mesmo modo, se nos concentrarmos nos direitos clássicos da tradição liberal, o resultado não é muito diferente. Quem foi que, na Primavera de 1999, assassinou com bombardeamentos os jornalistas de televisão jugoslavos culpados de não partilhar a opinião dos líderes e ideólogos da NATO e de serem obstinados em condenar a agressão sofrida pelos seus países? E quantos são os jornalistas “acidentalmente” assassinados pelo fogo das forças de ocupação no Iraque ou na Palestina? Gozam de “direitos universais de expressão e de associação” os habitantes de Gaza que, depois de terem votado pelo Hamas em eleições livres, se viram condenados ao estrangulamento económico, ao bloqueio e sucessivos bombardeamentos selvagens e invasões? Gozam destes direitos os reclusos de Abu Ghraib e de Guantánamo? Têm-nos, enfim, os árabes e os islamitas que nos EUA ousam subscrever um abaixo-assinado a favor da população de Gaza e do Hamas arriscando ser perseguidos e condenados como “terroristas”? Para citar Marx, “a profunda hipocrisia, a barbárie inerente à civilização burguesa, abertamente e sem véus, não apenas nas grandes metrópoles assume formas consideráveis, voltemos os olhos para as colónias", ou para os povos de origem colonial colocados na mesma metrópole. Neste caso, a “hipocrisia e a barbárie burguesas ficam a nu". Como confirmou a sorte reservada para Gaza.

Isto não significa negar que se colocam problemas consideráveis de direitos humanos aos países e povos empenhados na revolução anti-colonialista e anti-imperialista e nos próprios países que reclamam o socialismo. E todavia basta ler autores como Madison ou Hamilton para saber que a regra da lei, a rule of law, não pode desenvolver-se onde existe uma ameaça à segurança nacional. Gritar pela assistência da democracia em países submetidos a um assédio com maior ou menor pressão no plano diplomático, económico e militar é expressão de loucura ou de verdadeiro cinismo político. Por outras palavras, não há verdadeira democracia sem democracia nas relações internacionais, e o principal inimigo da democracia nas relações internacionais é um país que, pela boca de Clinton, como de Bush Sénior e Júnior e de tantos outros presidentes pretende ser o país eleito por Deus com a missão de conduzir e dominar o mundo até à eternidade.

Também o hodierno “imperialismo dos direitos humanos” como foi justamente definido, não é nada de inteiramente novo. Se depois de uma heróica revolução nos começos do séc. XX, Cuba conquistou a independência de Espanha, Washington força este país formalmente independente a introduzir na sua constituição a Emenda Platt, com base na qual se reconhece aos EUA o direito a intervir militarmente na ilha cada vez que estes ali vêem ameaçados o tranquilo usufruto da propriedade e da liberdade. É como se hoje os aspirantes a patrões do mundo pretendessem fazer valer a Emenda Platt a nível planetário!

É o “Imperialismo dos direitos humanos” a enfraquecer a esquerda nos países capitalistas avançados.

Um novo bloco histórico a nível internacional

Acrescem outros factores. Na Europa e nos EUA vivem núcleos importantes de imigrantes provenientes do Médio Oriente e do mundo árabe e islâmico. Estes, que muitas vezes deixaram suas famílias para trás, sofrem com particular intensidade a tragédia que pesa mais do que nunca sobre o povo palestino. Estão na primeira fila a manifestar-se contra o colonialismo e o Imperialismo, contra Israel e os EUA, e é também por isto, para além da lógica interna do capitalismo, que estes imigrantes são particularmente explorados, marginalizados e muitas vezes (em qualquer caso nos anos da administração Bush) arbitrariamente detidos para serem torturados nas prisões secretas da CIA. Empenha-se a esquerda ocidental o suficiente para procurar estabelecer uma ligação estreita e permanente com esta comunidade? Persistir em ignorá-la seria como se nos EUA da supremacia branca o Partido Comunista Americano conduzisse a sua propaganda esquecendo os negros. Mas não. Mesmo tendo ficado gravemente enfraquecidos primeiro pelo terror maccartista e depois pela crise do campo socialista, ao longo do tempo os comunistas americanos souberam lutar, arriscando a liberdade e até a vida, contra as discriminações, as humilhações, a opressão e os linchamentos organizados pelo regime da White supremacy.

Os niggers, de quem falavam com desprezo os racistas estado-unidenses, são hoje representados no Ocidente pelos imigrantes árabes e islâmicos; e esses não se limitam a reivindicar o “libertar-se do querer”; não têm intenção de, enquanto pobres, apelar a uma compaixão paternalista. Em primeiro lugar reivindicam (para usar uma linguagem filosófica) o reconhecimento; exigem ser reconhecidos na sua dignidade humana, na sua cultura, na sua reivindicação nacional, a começar pela reivindicação nacional do povo palestino, o povo-mártir por excelência dos nossos dias!

Apenas liquidando por completo a influência do “Imperialismo dos direitos humanos” e da islamofobia (que tomou nos nossos dias o lugar do tradicional flagelo racista) o movimento de oposição presente nos países capitalistas avançados poderá dar um real contributo para a luta contra a reacção.

Encontramo-nos hoje numa situação que tem perspectivas positivas e encorajadoras: 1. sob o ímpeto da luta anti-imperialista ressurgem povos e civilizações que estavam a ser destruídas pelo colonialismo: pense-se no papel crescente dos índios na América Latina; 2. o prodigioso desenvolvimento de um país como a China quebra o monopólio tecnológico detido pelo Imperialismo. A “grande divergência”, como lhe chamam os historiadores, para quem a dada altura se abriu um abismo entre os países capitalistas avançados e o Terceiro Mundo, esta “great divergence” tende a reduzir-se; 3. A tomada de consciência da crise do capitalismo dá um novo impulso à perspectiva do socialismo para além do Terceiro Mundo, também nos países capitalistas avançados. Por outro lado vemos os países-guia do capitalismo imersos numa profunda crise económica e cada vez mais desacreditados a nível internacional; ao mesmo tempo continuam a agarrar-se à pretensão de ser o povo eleito de Deus e a aumentar febrilmente a sua já monstruosa máquina de guerra e a estender a sua rede de bases militares a todas as partes do mundo. Tudo isto não promete nada de bom. É a presença conjunta de perspectivas prometedoras e de ameaças terríveis a tornar urgente a construção, a nível internacional, de um novo bloco histórico, para usar a linguagem de Gramsci. Não é uma empresa fácil, porque se trata de juntar forças em contextos histórico-culturais e situações políticas e geopolíticas assaz diversas. E este novo bloco histórico, que pode dar um novo impulso ao internacionalismo, apenas poderá ser construído se os partidos comunistas, inclusive aqueles dos países capitalistas avançados, por um lado recuperarem o orgulho na sua própria história e, por outro, reforçarem a sua capacidade de análise concreta da situação concreta.

Referências bibliográficas:
Frantz Fanon, Les damnés de la terre (1961), trad. it., de Carlo Cignetti, I dannati della terra, pref. de Jean-Paul Sartre, Einaudi, Torino, II ed., 1967, pp. 55-58.
Alvaro Garcia Linera em entrevista a Pablo Stefanoni, in «il manifesto» de 22 Julho de 2006, p. 3.
Mao Tsetung, Il fallimento della concezione idealistica della storia (16 Setembro de 1949), in Opere scelte, Edizioni in lingue estere, Pechino, 1969-75, vol. 4, p. 467.
Karl Marx-Friedrich Engels, Werke, Dietz, Berlin 1955-89, vol. 9, p. 225 (Die künftigen Ergebnisse der britischen Herrschaft in Indien).
Per Jefferson, Hoover e Rostow cfr. Domenico Losurdo. Stalin. Storia e critica di una leggenda nera, Carocci, Roma, 2008, pp. 196 e 288.
Franklin Delano Roosevelt, “Four Freedoms Speech” (6 Janeiro de 1941), in Richard Hofstadter-Beatrice Hofstadter, Great Issues in American History, Vintage Books, New York, 1982, pp. 386-91. (publicado com o título “Imperialismus der Menschenrechte”, in XIV. Internationale Rosa-Luxemburg-Konferenz 2009, Junge Welt, Berlin, 2009; pp. 11-13)
Fonte: Marxismo Oggi, 2009/1


Textos de Domenico Losurdo em resistir.info:
  • As raízes norte-americanas do nazismo
  • Negacionismo e liberdade de investigação
  • A suposta "não violência" do Dalai Lama é desmentida pela CIA
  • Acerca do liberalismo
  • Boicotar os Jogos Olímpicos de Pequim?
  • Quem recorre a escudos humanos: o Hamas ou Israel?
  • Os "Protocolos dos Sábios do Islão

    O original encontra-se em http://www.lernesto.it/index.aspx?m=77&f=get_filearticolo&IDArticolo=18394
    Tradução de André Rodrigues P. Silva.


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • domingo, 20 de setembro de 2009

    Richard Gott

    Publicado primeiro: http://www.brasildefato.com.br/

    Correspondente do diário inglês The Guardian, presente na Bolívia em 1967, Richard Gott testemunhou a campanha guerrilheira de Che e denunciou a participação da CIA no assassinato do revolucionário


    Claudia Jardim
    de Caracas (Venezuela)

    EM 8 DE outubro de 1967, quando o Exército boliviano capturou Che Guevara, para executá-lo um dia depois, Richard Gott, à época correspondente do diário inglês The Guardian, foi um dos poucos jornalistas a presenciar os fatos relacionados com a morte do guerrilheiro.
    Gott, que havia viajado à Bolívia para reportar a campanha guerrilheira de Guevara, também foi testemunha da participação da CIA (agência estadunidense de inteligência) no operativo de captura e assassinato de Che.
    Sobre Félix Rodríguez, um dos principais agentes da CIA nessa operação, Richard Gott escreveu dia 10 de outubro de 1967: “Era um homem muito nervoso e olhava furioso cada vez que uma câmera se dirigia a ele. Ele sabia que eu sabia quem ele era, e sabia também que ele não deveria estar ali”.
    Gott viveu na América Latina durante décadas e conta quem era o Che que hoje se converteu em um símbolo pop. “Ele levou os poemas de Pablo Neruda na mochila, mas sua música favorita era o som das metralhadoras.” Nos 40 anos da morte do guerrilheiro, Gott concedeu essa entrevista exclusiva ao Brasil de Fato.

    Brasil de Fato – Como o senhor se aproximou da história que culminou no fim da guerrilha e na execução de Che Guevara?
    Richard Gott – Guevara, em seu último artigo, publicado em 1967, pediu aos revolucionários para que criassem “dois, três, vários Vietnãs”. Decidi sair da minha base em Santiago do Chile e passei o mês de agosto viajando pela Bolívia, tratando de descobrir se este país estava pronto para ser “o próximo Vietnã”. Regressei à Bolívia no final de setembro. Me reuni brevemente com alguns oficiais bolivianos em Vallegrande, quando me informaram sobre uma iminente captura de Guevara. Também visitei um acampamento que os EUA mantinham fora de Santa Cruz para treinar os soldados bolivianos com técnicas antiguerrilheiras.

    Quando soube da captura de Che?
    Foi na tarde do domingo, 8 de outubro, que um oficial estadunidense me informou que Guevara havia sido capturado em La Higuera. Dirigi durante toda a noite até Vallegrande e cheguei na manhã de segunda-feira bem cedo no local para onde seria levado Guevara. Enquanto esperava, me chamou a atenção a presença de um homem vestido com roupa militar. Evidentemente não era um boliviano. Mais tarde, os oficiais bolivianos me explicaram que se tratava de um assessor da CIA. Finalmente, às cinco da tarde, chegou o helicóptero que trazia Guevara. Seu corpo estava em uma maca que tinha sido amarrada junto à base de aterrissagem da aeronave. Era evidente que o agente da CIA (Félix Rodríguez) se encarregava de todos os procedimentos. Falava inglês e espanhol fluentes, e estava visivelmente incomodado porque ele sabia que eu o havia identificado.

    Como foi o momento em que os militares bolivianos apresentaram o corpo de Che Guevara?
    Pouco tempo depois foi possível ver o corpo de Guevara em uma das lavanderias do hospital local. Neste momento eu estava bastante apreensivo. O fato de haver identificado o agente da CIA me fez temer que ele pudesse me prender. Permaneci perto do corpo de Guevara observando aquela pequena multidão de soldados, freiras e camponeses que começavam a chegar. Havia alguns jornalistas presentes, mas eu era a única pessoa naquele lugar que já tinha visto Guevara com vida, e podia certificar que verdadeiramente aquele corpo era do Che. Eu o havia conhecido em Havana quatro anos antes, em 1963. A maioria dos correspondentes estrangeiros chegaram no dia seguinte, quando o corpo de Guevara já havia sido limpo e as famosas fotografi as foram tiradas. Durante a noite, tive que viajar a Santa Cruz para enviar minha reportagem. No caminho, escutei o serviço da BBC World sobre a notícia de que Guevara havia sido capturado e morto. Foi neste momento que me dei conta do desastre e da tragédia que eu havia testemunhado. Até aquele momento, eu estava excitado com a perspectiva do “furo” jornalístico. A partir de então, passei a refletir sobre as implicações políticas relacionadas à morte do Che.

    Neste período os EUA negavam qualquer participação no combate à guerrilha boliviana. Como reagiram os estadunidenses à publicação da sua reportagem que denunciava a participação da CIA?
    Os EUA ignoraram a reportagem. Conforme um acordo de intercâmbio, o jornal Washington Post poderia utilizar o material impresso no The Guardian e vice-versa. Nesta ocasião, eles ignoraram minha história. O New York Times publicou uma extensa matéria da Reuters em que todas as referências sobre a presença da CIA haviam sido suprimidas. A história não foi reconhecida, nem mencionada, pela grande imprensa estadunidense até um ano depois.

    Durante o tempo em que percorreu a Bolívia, como o senhor avaliou a situação da campanha guerrilheira de Che entre os bolivianos?
    Viajei pela Bolívia em 1967, no período final da campanha guerrilheira de Guevara. Eu sabia que naquele momento, as forças de Guevara estavam divididas e sua maioria estava isolada do mundo exterior. Grande parte dos simpatizantes da guerrilha nas cidades haviam sido detidos e as minas de estanho do Altiplano – a principal área de mobilização da esquerda política – estavam sob toque de recolher. Ao mesmo tempo, muitos dos benefícios conquistados pelos camponeses depois da reforma agrária de 1953 haviam desaparecido. Em algumas regiões, os velhos latifundiários haviam retomado suas propriedades.

    Quem era o Che e de que maneira se transformou em uma figura romântica, um símbolo pop?
    Guevara era, antes de mais nada, um revolucionário de jornada completa. Ele levou os poemas de Pablo Neruda na mochila, mas sua música favorita era o som das metralhadoras. Diferentemente dos teóricos socialistas mais recentes, Guevara depositou sua confiança em indivíduos, mais do que nas massas. Após sua morte, Guevara se converteu em uma figura revolucionária de usos múltiplos, um símbolo de uma rebelião adolescente. Ele tem sido neutralizado na figura de um ídolo pop, típico da degradação cultural das sociedades ocidentais. Na vida real era um revolucionário genuíno que acreditava na necessidade de transformar a sociedade e pensava que isso poderia ocorrer por meio da guerra de guerrilhas.

    Quarenta anos depois, o Che passou a ser uma das referências de governos latinoamericanos como a Venezuela, Equador e Bolívia. O que isso representa?
    Guevara foi parte e partícipe da revolução cubana de 1959, o acontecimento mais significativo da história latino-americana desde as guerras de independência do século 19. Dessa maneira, Guevara se converteu em um exemplo permanente da possibilidade de transformação radical. A América Latina se inclina à esquerda no início do século 21, e é inevitável que sua bandeira revolucionária outra vez seja reconhecida pelos governos que buscam a transformação de seus países. Que o Che seja homenageado na Bolívia de hoje, 40 anos depois, sem dúvida, é um motivo de alegria.

    quinta-feira, 13 de agosto de 2009

    Feliz Aniversário Comandante Fidel Castro

    Bolívar lanzó una estrella que junto a Martí brilló,
    Fidel la dignificó para andar por estas tierras.



    domingo, 19 de julho de 2009

    19a. Parte: Reflexiones Sobre Las Revoluciones Interrumpidas


    por Florestan Fernandes


    Los requisitos de la acumulación capitalista (y, por lo tanto, de la aceleración del desarrollo económico y de la explotación dual) son también los requisitos de la sustitución de las clases dominantes por clases verdaderamente revolucionarias o, en otraspalabras, por el advenimiento de una revolución que no se extinguiráa nivel político. Aun aquí el paralelismo cubano es relevante.

    La Revolución Cubana revela la naturaleza íntima de la revolución en avance, que tiene que disgregar y destruir todo el orden preexistente hasta el fondo y hasta el fi n, para echar las bases de la formación y de la evolución históricas de un nuevo patrón de civilización. Los portugueses, los españoles, sus sucesores en el condominio del Estado capitalista “oligárquico” o “autocrático” y sus poderosos aliados imperiales no podrían realizar esa misión. Modernizando, transfi riendo o innovando, ellos estaban reproduciendo el pasado en el presente, creando un futuro que no contenía una auténtica historia propia, un genuino proceso civilizador original. Éstos sólo podrían brotar tardíamente, en función del surgimiento de clases dominantes revolucionarias salidas de la masa de toda la población y representantes de toda la población.

    quinta-feira, 18 de junho de 2009

    Passagens da Guerra Revolucionária - Pino del Agua II

    Por Cmte. Ernesto Che Guevara

    Pino del Agua Estava defendida pela companhia do capitão Guerra, muito bem entrincheirada e fortificada. É o ponto mais avançado sobre a Serra Maestra. O objetivo do ataque não era tomara a serraria, senão estabelecer um cerco que obrigasse o exército a mnadar tropas em sua ajuda.

    Às cinco e trinta da manhã do dia 16 de fevereiro iniciaram o ataque forças da quarta coluna, sob o mando do capitão Camilo Cienfuegos. O ataque foi levado em forma tão violenta que tomaram-se os postos sem nenhuma dificuldade ocasionandoao inimigo oito mortos, e vários feridos. A partir desse momento se intensificava a resistência inimiga.

    Não realizou-se em Pino del Agua o total do ambicioso plano concebido pelo Estado Maior de nosso exército, mas se obteve uma vitória completa sobre o exército , destruindo ainda mais sua já claudicante moral de combatente; e demonstrando à nação inteira a força crescente da Revolução e de nosso exército revolucionário, que se dispõe a baixar à planície e continuar sua série de vitórias.

    domingo, 7 de junho de 2009

    Moral comunista y hombre nuevo


    Che Guevara
    el sujeto y el poder

    , por Néstor Kohan

    Rompiendo definitivamente con la visión materialista vulgar tan presente en pretendidos custodios de "la ortodoxia", que interpreta el marxismo como una ideología modernizadora unilateralmente asentada en las fuerzas productivas y la producción material, Guevara considera que "Marx se preocupaba tanto de los factores económicos como de su repercusiónen en el espíritu. LLamaba a esto 'hecho de conciencia'. Si el comunismo se desinteresa de los hechos de conciencia, podrá ser un método de distribución, pero no será jamás una moral revolucionaria"18.

    En ningún momento el Che aceptaba la habitual visión dicotómica que confundía la célebre metáfora edilicia ("estructura-superestructura") del prólogo de 1859 a la Contribución a la crítica de la economía pólítica con una explicación acabada de la totalidad social, recluyendo la conciencia y la moral al mero reflejo de la estructura productiva. Esa visión dicotómica e ingenuamente "productivista" conducía en el período de la transición socialista - cuando se discutían las vías estratégicas para llegar al comunismo- a consecuencias trágicas para los revolucionarios anticapitalistas. El evidente desprecio con que los regíme burocráticos del Este trataron los problemas de la moral revolucionaria y los de la hegemonía le dan retrospectivamente la razón a Guevara.

    Fue precisamente Antonio Gramsci quien más se preocupó por el evidente retraso en el desarrollo de las llamadas "superestructuras" durante la transición socialista. Esta preocupación común entre Guevara y Gramsci -aun reconociendo el vocabulario menos rico y más simple que el argentino empleaba en comparación con el del italiano- se puede encontrar en el énfasis que el primero puso en el desarrollo del comunismo como una nueva moral y una nueva manera, no sólo de distribuir la riqueza social, sino también de vivir, y en el tratamiento gramsciano de la revolución socialista como una gran reforma intelectual y moral que 'eleve a las almas simples' y construya -junto a las transformaciones económicas y políticas- una nueva hegemonía y una nueva cultura. Un proyecto todavía por realizar.

    En tiempos como los nuestros, cuando la guerra entre los poderosos y los revolucionarios ha tomado como terreno de disputa a la cultura, la perspicacia de aquellas iniciales advertencias de Gramsci y del Che se han vuelto más actuales que nunca. Sin atender en primer lugar a los problemas de la ideología, los valores y la cultura jamás habrá socialismo. El régimen capitalista lo sabe y ejerce mediante sus complejos de industria cultural un bombardeo sistemático sobre las conciencias, que no por grosero se torna menos efectivo. Hay que convencer a todos y en todo momento que el socialismo es a lo sumo una bella idea pero absolutamente impracticable. El único modo posible de vivir es el de Hollywood, el Mc Donalds y Beberly Hills. Más allá está "el enemigo", aquellos "chicos malos" contra los cuales hace treinta años peleaba el Pato Donald en las historietas de Disney.

    Para Guevara, los problemas de la cultura, estrechamente ligados con los de la conciencia, no son un mero reflejo pasivo y secundario de la producción material ni un apéndice subsidiario de la "locomotora económica" de las fuerzas productivas. Por el contrario, los problemas de la nueva cultura, de los nuevos valores, de una nueva hegemonía y en definitiva, de una nueva subjetividad histórica -que eso y no otra cosa es su "hombre nuevo"- son esenciales para la construcción de una sociedad cualitativamente distinta a la mercantil capitalista.

    El Che, que probablemente ni se haya imaginado la fragilidad y rapidez con que desapareció el mundo y las potencias del Este, no se había equivocado al señalar los peligros. No ahora que están a la vista sino en los momentos de "auge económico" y triunfalismo político. Había que ver lejos y él lo hizo. No por genialidad sino porque había utilizado las herramientas metodológicas del marxismo de manera creadora, sin los moldes de la cristalización mental.

    Su apasionado rescate del Marx humanista que prioriza el tratamiento de los "hechos de conciencia" junto a la consideración de los procesos productivos está basado en la lectura de los Manuscritos de 1844. Si bien es cierto que la corriente historicista de la praxis rechazaba todo humanismo especulativo de corte existencialista, tomista o neokantiano, al mismo tiempo rescataba junto a la construcción científica de El Capital, el análisis humanista del Marx juvenil.

    Refiriéndose a los Manuscritos, sostiene Guevara que "incluso en su lenguaje el peso de las ideas filosóficas que contribuyeron a su formación se notaba mucho, y sus ideas sobre la economía eran más imprecisas. No obstante Marx estaba en la plenitud de su vida, ya había abrazado la causa de los humildes y la explicaba filosóficamente, aunque sin el rigor científico de El Capital"19. Es decir que en su óptica la problemática filosófica del joven Marx carece del instrumental científico que aportará la investigación de El Capital, pero delinea ya la dirección en la que se moverá su pensamiento maduro. Agregaba entonces que en los Manuscritos Marx "pensaba más como filósofo y, por tanto, se refería más concretamente al hombre como individuo humano y a los problemas de su liberación como ser social".

    Si esta es la visión global de Guevara sobre el joven Marx, no cambiará su óptica cuando se refiera a la madurez y a su elaboracióin científica: "En El Capital Marx se presenta como el economista científico que analiza minuciosamente el carácter transitorio de las épocas sociales y su identificación con las relaciones de producción". Una vez caracterizado el corpus teórico de la madurez como "científico" Guevara insiste en diferenciarse de las lecturas neopositivistas del marxismo afirmando que "el peso de este monumento de la inteligencia humana es tal que nos ha hecho olvidar frecuentemente el carácter humanista (en el mejor sentido de la palabra) de sus inquietudes. La mecánica de las relaciones de producción y su consecuencia; la lucha de clases oculta en cierta medida el hecho objetivo de que son los hombres los que se mueven en el ambiente histórico". Aquí está conjugado y resumido el eje que explica la acusación elíptica que Louis Althusser le dirige en Para leer El Capital. Sí, Althusser sabía de que se trataba.

    17Cfr."El socialismo y el hombre en Cuba". Op. Cit.p.13.Sánchez Vázquez ha intentado mostrar como este cuestionamiento explícito al realismo socialista estaba en perfecta coherencia con su concepción humanista y praxiológica del marxismo. Cfr. Sánchez Vázquez: "El Che y el arte". En Casa de las Américas N°169, año XXIX, julio-agosto de 1988. p.123-128 y también "El socialismo y el Che". En Casa de las Américas N°46, octubre de 1967. 18Cfr.Guevara: "El comunismo debe ser también una moral revolucionaria". Entrevista concedida a Express. Obra Citada.p.243. 19 Cfr.Guevara: "Sobre el sistema presupuestario de financiamiento". En El socialismo y el hombre nuevo. Obra citada.p.270.

    segunda-feira, 1 de junho de 2009

    45º ANIVERSÁRIO DAS FARC-EP MANUEL VIVE!

    Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

    Montanhas da Colômbia

    http://www.farc-ejercitodelpueblo.org

    Hino das FARC-Exército do Povo

    http://www.youtube.com/watch?v=L56jdZbgg-A

    As circunstâncias políticas são propícias para o acionar do movimento armado e pelo Movimento Bolivariano Manuel Marulanda Vélez. Veja em:

    http://www.youtube.com/watch?v=GDfh8WIcvsw

    Neste pensamento de Manuel Marulanda está pintada a alma das FARC como bandeira ao vento. Há 45 anos surgimos nas alturas de Marquetalia, a montanha da resistência dos povos, buscando a paz para a Colômbia, justiça e dignidade. Desde então somos a resposta armada dos despossuídos e dos justos contra as múltiplas violências do Estado.

    A paz é nossa estratégia e o acionar do Movimento armado empunhando a bandeira da alternativa política, a tática para chegar a ela. O mesmo dizemos também com a palavra de fogo de Bolívar: “a insurreição se anuncia com o espírito de paz. Resiste ao despotismo porque este destrói a paz e não pega em armas senão para obrigar seus inimigos a fazer a paz”. Por ela entregaram a vida Manuel Marulanda Vélez, Jacobo Arenas, Efraín Guzmán, Raúl Reyes, Ivan Rios e toda essa invencível legião de comandantes e combatentes que hoje recordamos com veneração. Para todos eles, honra e glória neste aniversário das FARC-Exército do Povo.

    “Aquele que assegura sua honra – dizia o Libertador – dedicando sua vida a serviço da humanidade, à defesa da justiça e do extermínio da tirania, adquire uma vida de imortalidade ao deixar a dimensão da matéria que o homem recebe da natureza. Uma morte gloriosa vence o tempo e prolonga a sublime existência até a mais remota posterioridade”... É o que ocorre com todos eles que, mesmo tendo partido continuam vivos nos fuzis e no projeto político das FARC, com Simon Bolívar, combatendo pela Nova Colômbia, pela Pátria Grande e pelo Socialismo, ombro a ombro com o povo e seus guerrilheiros.

    Queremos construir o país descrito pelo Manifesto das FARC e pela Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia. E o queremos a partir de um Grande Acordo Nacional rumo à paz, firmado por todas as forças dispostas a mudar as injustas e anacrônicas estruturas, sem exclusões. País emanado de um pacto social com base no povo, pacto que instrumentalize a articulação de uma alternativa política visando à formação de um Novo Governo Nacional de caráter patriótico, democrático e bolivariano rumo ao socialismo. Sim, rumo ao socialismo, que não é outra coisa que a justiça e libertação dos povos, a única salvação da humanidade diante do apodrecimento do sistema capitalista mundial.

    A dignidade da Colômbia e o resgate do sentimento de pátria exigem uma nova liderança que privilegie a unidade e o socialismo para avançar para rumo ao futuro. Um novo grito de independência nos convoca ao nos mostrar o campo de batalha de Ayacucho (em que Bolívar decidiu a independência do Império Espanhol) do século XXI em que tremula a certeza da vitória da revolução continental, a de Bolívar e de nossos Próceres.

    É chegada a hora de superar a vergonha nacional representada por um governo ilegítimo e ilegal que gera morte e pobreza. Um governo apoiado pelo de Washington, que só atua para perpetuar a guerra e a discórdia enquanto garante a sangue e fogo o investimento das multinacionais que saqueiam nossos recursos. Um regime apátrida que, mesmo com o elevado número de militares norte-americanos que intervém no conflito interno da Colômbia, permite que o nosso solo sagrado seja pisoteado por mais tropas estrangeiras expulsas da base de Manta, no Equador, permitindo aos EUA colocar em operação nesta terra uma base de ataque para assaltar os povos irmãos do continente.

    Um governo vergonhosamente narco-paramilitar, que já não se ruboriza diante das contundentes confissões de capos paramilitares que asseguram, como o vulgo “Dom Berna”, ter financiado com os dólares da cocaína as campanhas presidenciais de Álvaro Uribe Vélez. Veja em: http://www.youtube.com/watch?v=ab49_B4wlXE.

    Um governo e um Presidente que transformaram o Palácio de Nariño (sede da Presidência da República) em um obscuro antro de conspiração entre mafiosos para desestabilizar a Suprema Corte de Justiça, obstruir a justiça e deixar sem efeito a independência dos poderes do Estado.

    Um governo que extraditou para os EUA os chefes paramilitares quantos estes começaram a vincular o entorno de Uribe, dos generais, dos empresários e dos pecuaristas na estratégia paramilitar do Estado que continua dessangrando a Colômbia.

    A opinião pública não sai do espanto diante do autismo do Ministério Público, que prefere enterrar a cabeça na areia para não atribuir nenhuma ação de responsabilidade penal contra as empresas Chiquita Brand – a mesma do massacre das bananeiras, em 1928 – a Drummond, Postobón, Brasília, Carvões do Caribe..., denunciadas pelo chefe paramilitar Salvatore Mancuso (preso nos EUA) como financiadores do paramilitarismo. O próprio capo revelou que o massacre de La Gabarra (atribuído à guerrilha para desprestigiá-la), quando foram assassinados 40 camponeses, foi realmente executado pelos paramilitares, exército oficial e polícia. Veja em: http://www.youtube.com/watch?v=sf4XNpHbwOk.

    CAIU A MÁSCARA

    O fantasma de Fujimori, condenado no Peru a 25 anos por crimes de lesa-humanidade, ronda em torno de Uribe. Ele prevê que os covardes assassinatos de civis não combatentes, estimulados pela loucura de mostrar a qualquer custo resultados com sangue de sua política fascista de “segurança”, não ficarão impunes. Veja em:

    http://www.youtube.com/watch?v=xBBHGKHIggY

    Clama aos céus por justiça o êxodo forçado de mais de quatro milhões de camponeses, o despojo de suas terras, as milhares de fossas comuns e a vinculação do presidente com massacres de indefesos cidadãos. O chefe paramilitar que denunciou a responsabilidade direta de Uribe no horripilante massacre de El Aro, estado de Antioquia, acaba de ser assassinado para satisfação do tirano do Palácio de Nariño. Ele sabe que mais cedo ou mais tarde terá que responder por seus crimes.

    Deve ser revogado o mandato de um presidente que impôs o desonroso recorde de ter mais de 90% de sua bancada parlamentar vinculada ao processo da narco-parapolítica; que mantém como ministros de Estado delinqüentes que subornam; que utiliza o poder para tornar ricos seus filhos, que transforma o serviço diplomático em refúgio de assassinos como o general Montoya tantas vezes denunciado e que promove referendos inconstitucionais para se perpetuar no poder como mecanismo para escapar da justiça. Veja em:

    http://www.youtube.com/watch?v=FabVBsZYfO8.

    URIBE VÉLEZ É UM VERDADEIRO BANDIDO AMPARADO DETRÁS DA FAIXA PRESIDENCIAL

    Quantos problemas internacionais gerou sua absurda pretensão de internacionalizar sua política fascista de “segurança” com a qual se acha no direito de agir fora de suas fronteiras para por em prática sua visão particular e sua estratégia contra-insurgente, acima dos povos e de seus governantes, pisoteando a soberania das nações e desestabilizando a região, sempre apoiado pela Casa Branca. Veja em: http://www.youtube.com/watch?v=ivMVsgN14z8

    O que quer é incendiar o país indefinidamente com o fogo da guerra e com a violação dos direitos humanos, aferrado na quimera da vitória militar sobre a guerrilha comunista, procurando negar, de forma inconseqüente, a existência do conflito político e social, mas coloca sua mórbida ilusão no chamado “Plano Patriota” do Comando Sul do Exército dos EUA, acreditando inutilmente que a desconformidade social poder ser eliminada a tiros e com tecnologia militar de última geração.

    Aumentar o efetivo militar para mais de 450 mil soldados devido à maior ajuda militar dos ianques no hemisfério não o manterá no poder porque assim mostra a experiência história e a sensatez.

    “Os povos que lutaram por sua liberdade exterminaram finalmente seus tiranos” (Simón Bolívar).

    Mas, além de ser um governo desprestigiado, apegado à ilegitimidade e acossado pela crise do capitalismo mundial, é também um governo condenado ao fracasso.

    A Colômbia de hoje não quer o guerreirismo além montanha do governo. Quer soluções para o crescente desemprego e para a pobreza e exige o investimento social, sacrificado graças à guerra. Pede educação, moradia, saúde, água potável, direitos trabalhistas, terra, estradas, eletricidade, telefonia e comunicações, mercado para seus produtos agrícolas, renacionalização das empresas que foram privatizadas, punição para a corrupção, soberania para o povo, proteção do meio ambiente, verdadeira democracia, liberdade de opinião, libertação de presos políticos, fim da irracional extradição de colombianos, que mantém submissa a soberania jurídica, quer informação verdadeira, relações internacionais de respeito recíproco entre as nações, integração entre os povos com a construção da Pátria Grande com justiça social e paz.

    Uribe Vélez teme, como o diabo tema a água benta, o clamor crescente dos que pedem paz, punição para os crimes perpetrados pelo Estado e um novo governo. Por isso exige angustiado que o tema da paz seja proscrito do debate eleitoral que se aproxima. É a loucura e o absurdo encarnados em um mandatário que quer submeter o país a seus ódios e ressentimentos.

    Mingúem poderá desconsiderar um projeto de nova sociedade e de novo governo, a paz sonhada pelas maiorias nacionais. Ela é a bandeira que unirá os colombianos contra a tirania, a guerra e a injustiça.

    Devemos todos estar alertas para impedir a manobra uribista de mudar o atual Presidente do Tribunal Eleitoral por um de seus serviçais. A única esperança do guerreirismo exasperado diante do desejo das maiorias é a fraude. E é o que devemos impedir agora, já que este foi amo e senhor das eleições de 2002 e 2006.

    A reeleição de Uribe é um asqueroso monumento ao dolo e ao roubo praticados pelo ex-diretor da polícia política (DAS – Departamento Administrativo de Segurança), Jorge Noguera e pelo chefe narco-paramilitar, Jorge 40. Nas quatro milhões de assinaturas coletadas pelos uribistas a favor do referendo com apoio financeiro da DMG. Veja em: (http://www.youtube.com/watch?v=QUlMMWfg53Y), estão estampadas as assinaturas de um milhão e meio de mortos. Isto é fraude e roubo!

    Fraude contra a opinião pública é também a insistente fábula da derrota militar da guerrilha, argumento falacioso tal qual o dos “falsos positivos” (o caso de jovens assassinados e apresentados fardados como guerrilheiros mortos em combate). Veja em:

    http://www.youtube.com/watch?v=zcayaxHKLDg, utilizado na verdade para justificar os terríveis desaforos do Estado contra a população civil.

    Como sempre quiseram fazer com Manuel Marulanda Vélez, quiseram matar as FARC com os fuzis do desejo e com o ensurdecedor toque das máquinas de escrever. Nenhuma guerrilha pode ser exterminada com disparos de tinta. Não existe era de pós-conflito senão no sonho delirante do guerreirismo sem futuro de um regime decadente.

    Das montanhas da resistência, como vimos fazendo há 45 anos convocamos os colombianos a nos mobilizar resolutamente pela paz, negada pelos seguidores de Santander e pelo imperialismo ianque quando mataram Simon Bolívar e a Colômbia da unidade de povos em 1830.

    O passado é levado em conta na construção da sociedade futura. Ninguém pode nos desviar do destino apontado pelo Libertador nas origens da República. A incitação do senador Álvaro Gómez Hurtado no começo da década de 60 de submeter a sangue e fogo o que considerou como “República Independente de Marquetalia”, não foi suficiente para entender que os problemas nacionais não são solucionados pela violência do Estado.

    É PRECISO CONSTRUIR UMA NOVA COLÔMBIA SOBRE A SÓLIDA BASE DA PAZ NEGOCIADA!

    O Grande Acordo Nacional para a Paz deve ter como norte estratégico a formação de um novo governo que garanta ao povo “a maior soma de felicidade possível, a maior soma de garantias sociais e a maior soma de estabilidade política”, como exigia o Libertador. Um governo patriótico, democrático, bolivariano, rumo ao socialismo, como consignado na Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia.

    Como garantia para a paz e para a soberania nacional devemos erigir umas novas Forças Armadas compenetradas com a doutrina militar bolivariana que inculca o amor ao povo e o ódio à tirania. Não devemos esquecer que o exército patriota foi o criador da Colômbia e da República nas fulgurantes vitórias de Boyacá e de Carabobo, e que seu comandante, Bolívar, o definiu como “defensor da liberdade”, acrescentando que “suas glórias devem se fundir com as da república e sua ambição deve ficar satisfeita ao fazer a felicidade de seu país”. Assim devem ser as novas Forças Armadas e estamos seguros de que muitos dos atuais oficiais sonham em desempenhar esse papel.

    Solidarizamo-nos com a justa luta das famílias dos soldados regulares que exigem o direito de não serem obrigados a entrar em combate mortal com a guerrilha. A guerra negada pelo governo para não reconhecer o caráter política da insurreição que luta pelo poder (só no mês de março ocasionou 297 baixas mortais e 340 feridos nas forças armadas oficiais).

    Fazemos um chamamento aos soldados a não se deixarem utilizar mais como carne de canhão, defendendo interesses que não são os seus e sim os de uma oligarquia podre e criminosa, antisolidária, que faz muito pouco por eles quando caem prisioneiros ou ficam mutilados. Temos segurança de que seus familiares também querem gritar com o governo, com o professor Moncayo, que seus filhos não nascessem para irem à guerra da oligarquia. Veja em: http://www.youtube.com/watch?v=xRz46taIAPw.

    Para conseguir o propósito da Nova Colômbia é necessário reorganizar o Estado com base na soberania do povo, tal como concebeu o Libertador em Angostura. Aos três ramos do poder do Estado devemos acrescentar os poderes moral e eleitoral, instituindo a revogação do mandato em todas as instâncias de eleição popular. Nunca mais cópias de leis estrangeiras para resolver nossos assuntos internos. Nunca mais sistema penal acusatório.

    Requeremos um novo governo que puna exemplarmente a corrupção e acabe com a impunidade; que anule a política neoliberal responsável por nossas desgraças econômicas e sociais. O país e o governo com que sonhamos devem assegurar o controle dos ramos estratégicos da economia, estimular a produção em suas diversas modalidades, fazer respeitar nossa soberania sobre os recursos naturais. Tornar realidade a educação gratuita em todos os níveis, levar justiça ao campo com uma verdadeira reforma agrária que gere emprego e soberania alimentar, e construir a infra-estrutura para o progresso nacional.

    Os contratos com as multinacionais que sejam lesivos para a Colômbia devem ser revisados, assim como os pactos militares, os tratados e convênios que manchem nossa soberania, anulados. Neste sentido o país não tem porque pagar a dívida externa contraída naqueles empréstimos viciados de fraude em qualquer de suas fases.

    Solução não militar nem repressiva para o problema social da narco-produção. Veja em: http://baretopolitica.blogspot.com

    Nossa política internacional deve ser reorientada para a integração solidária dos povos da Nossa América na Pátria Grande bolivariana e para o socialismo.

    A etapa definitiva da luta pela paz começou. O povo colombiano não pode esmorecer até que veja concretizado este direito.

    Com Bolívar, com Manuel, com o povo no poder!

    Manuel vive na luta do povo colombiano!

    Juramos vencer e venceremos!

    http://www.youtube.com/watch?v=5HP11xmMVbs

    http://www.youtube.com/watch?v=EpiXblEHKQg

    Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

    Montanhas da Colômbia, maio de 2009.

    http://www.abpnoticias.com/

    quinta-feira, 28 de maio de 2009

    18ª PARTE - REFLEXIONES SOBRE LAS REVOLUCIONES INTERRUMPIDAS

    , por Florestan Fernandes

    El tercer aspecto plantea, de hecho, el problema de la revolución en el contexto histórico actual de América Latina. Es un error pensar que la burguesía puede moverse con cierta libertad a través de una posible “reforma del capitalismo”. La principal lección de Cuba es esa. Este país le muestra al resto de América Latina cuál es el camino que puede y debe ser seguido en el presente, presumiblemente en condiciones diversas y mucho más difíciles. La “revolución burguesa atrasada” tiene tres polos distintos: un fuerte polo económico, fi nanciero y tecnológico internacional; un polo burgués nacional dispuesto a correr el riesgo de la “profundización de la dependencia” y lo sufi cientemente audaz como para explotar esa “última vía” de la transformación capitalista en las condiciones tan inhumanas de la región; una forma absolutista de Estado burgués, tan fl exible como para hablar varios lenguajes políticos y tan fuerte como para oscilar rápidamente, al calor de las circunstancias, de la dictadura militar con respaldo civil hacia la “democracia ritual” con respaldo militar. Esos tres polos tienen que relacionarse de modo mucho más complejo que aquel que se evidenció en Cuba bajo la República títere. A medida que la industrialización masiva, la modernización acelerada y el desarrollo concentrador se vayan liberando de los controles rígidos de los períodos de implementación y de maduración, sus efectos, su signifi cado global y todo el conjunto de políticas a las que aquéllos responden tendrán que ser cuestionados. El “diálogo sordo” del diktat tendrá que ser reemplazado, a veces más rápidamente de lo que les gustaría a las clases burguesas, y por sobre las posibilidades de “disuasión pacífi ca” del Estado, por el diálogo verdadero. Por mayor que sea la masifi cación de la cultura política dirigida, las clases trabajadoras se harán cargo de los canales de diálogo verdadero y el “capitalismo reformado” probará su inconsistencia básica. La perspectiva será la de una existencia dolorosa, con la República títere sujeta de manera permanente a varios endurecimientos sucesivos, a una escala ampliada con respecto de lo que sucedió en Cuba desde el ascenso de Machado hasta la caída de Batista. Al recurrir a cambios de carácter revolucionario, sin ser una clase revolucionaria, la burguesía acepta ese peligro extremo mal evaluado por falta de perspectiva política. El inmediatismo es casi siempre ciego. Éste lleva al cálculo de que “quien puede más llora menos”. Pero quien “puede más” por algunos años, o incluso por mucho tiempo, acaba por “poder menos”. Quien no crea en ese razonamiento, que observe el desastre sufrido por la burguesía cubana y por los Estados Unidos desde 1959 hasta 1962, en la veloz evolución de la Revolución Cubana.

    Esta discusión puede parecer biased o “ideológicamente contaminada”. De hecho, se corresponde positivamente con ciertos valores, con la explicitación necesaria de intereses y de ideales políticos que comparto. Sin embargo, no fui yo quien los puso en el centro de la historia. Sería absurdo pretender analizar una situación histórica tan compleja ignorando todas las fuerzas que exceden la defensa activa o violenta del orden. Ahora bien, todas las fuerzas —contrarrevolucionarias y revolucionarias— merecen ser tenidas en cuenta; ignorar estas últimas equivale a no estar interesado en el futuro… La revolución burguesa atrasada no tiene envergadura para enfrentar y resolver tareas que la revolución burguesa “clásica” sólo ha solucionado parcialmente, en Europa y en los Estados Unidos, en un contexto histórico producido en gran parte por el poder colectivo de acción innovadora y constructiva de la burguesía en ascenso o en consolidación como clase dominante. Además, recién ahora se delinea estructuralmente la capacidad de acción organizada y de presencia colectiva contestataria de las clases desposeídas y oprimidas de América Latina, en lucha por la condición de clase en sí pero con potencial para convertirse rápidamente en clase revolucionaria. Desde una perspectiva “multinacional”, y a partir de una “óptica capitalista conservadora”, parece que las clases burguesas podrán remontarse, desde la propia situación histórica. Se necesitaría solamente soportar la “aceleración del desarrollo”, el momento más difícil, para más adelante poder “ofrecerles a todos recolectar más frutos”. Sucede que ésa no es la historia que parece estar en proceso real. ¿Qué signifi ca ofrecer más y cuánto podrán todos recoger en las funciones de legitimación de un régimen capitalista que tiene que comprar las conciencias de sus enemigos de clase y debe recurrir permanentemente al consentimiento impuesto? Es cierto que el modelo de desarrollo capitalista monopolista le da un respiro a la burguesía. Sin embargo, ese respiro no puede compensar la socavación de la posición de clase dominante que se procesa (y que crece geométricamente) gracias a la forma persistente de desarrollo capitalista dependiente. Se confi gura, así, una muralla china para la burguesía, digamos, el equivalente a su castillo feudal. Ésta está atrapada y a merced de la presión de los de abajo, lo que se hará sentir mejor desde el momento en que los efectos positivos y negativos de la industrialización masiva, de la modernización acelerada y del desarrollo concentrador funcionen como factor explosivo de recuperación histórica de situaciones revolucionarias congeladas por la fuerza bruta.

    segunda-feira, 25 de maio de 2009

    As Sete Mensagens Zapatistas



    As sete mensagens zapatistas com as quais o comandante Tacho entregou a Marcos o bastão de comando no aniversário do EZLN.

    Bandeira Nacional: Neste pedaço de tecido se encontra a palavra de todos mexicanos pobres e sua luta desde os velhos tempos. Tens de lutar por todoseles, nunca por ti, nunca por nós. Para todos, tudo, nada para nós. Somos mexicanos que queremos ser livres.Esta é a bandeira da história.Recorda sempre que nossa luta é pela liberdade.

    Bandeira do EZLN: Esta estrela de cinco pontas contém a figura do ser humano: a cabeça, as duas mãos os dois pés e o coração vermelho, que une as cinco partes tornando-as uma só. Somos seres humanos e isso quer dizer que temos dignidade. Esta é a bandeira da dignidade. Recorda sempre que nossa luta é pelo homem.

    Arma: Nesta arma va i nosso coração guerreiro. Nossa dignidade é que nos obriga a tomar as armas para que ninguém tenha de tomá-las nunca mais. Somos soldados que querem deixar de ser soldados. Esta é a arma da paz. Recorda sempre que nossa luta é pela paz.

    Bala: Nesta bala vai nossa fúria. Nosso desejo de justiça é que move esta bala para que ela fale o que nossas palavras calam. Somos vozes de fogo que querem alívio. Esta é a bala da justiça. Recorda sempre que nossa luta é pela justiça.

    Sangue: Neste sangue vai nosso sangue indígena. O orgulho que herdamos dos nossos antepassados, que se transforma em sangue, é o que nos torna irmãos. Somos sangue que rega o solo e acalma a sede de todos os nossos irmãos. Este é o sangue dos homens e mulheres verdadeiros. Recorda sempre que nossa luta é pela verdade.

    Milho: Neste milho está a carne de nosso povo. Somos homens e mulheres de milho,filhos e filhas dos deuses primeiros, dos criadores do mundo. Somos milho que alimenta a história, que ensina que é preciso mandar obedecendo. Este é o milho que, doendo, alivia a dor de todos os nossos irmãos. Recorda sempre que nossa luta é pela democracia.

    Sangue: Neste sangue vai nosso sangue indígena. O orgulho que herdamos dos nossos antepassados, que se transforma em sangue, é o que nos torna irmãos. Somos sangue que rega o solo e acalma a sede de todos os nossos irmãos. Este é o sangue dos homens e mulheres verdadeiros. Recorda sempre que nossa luta é pela verdade.

    Milho: Neste milho está a carne de nosso povo. Somos homens e mulheres de milho,filhos e filhas dos deuses primeiros, dos criadores do mundo. Somos milho que alimenta a história, que ensina que é preciso mandar obedecendo. Este é o milho que, doendo, alivia a dor de todos os nossos irmãos. Recorda sempre que nossa luta é pela democracia.

    Terra: Nesta terra está a casa dos nossos mortos mais importantes. Somos os mortos de sempre, que temos de morrer para viver. Somos a morte que vive. Esta é a morte que dá vida a todos nossos irmãos. Recorda sempre que nossa luta é pela vida.

    Sete forças: tzotzil, tzetal, tojolabal, chol, mam, zoque e mestizo*. Que a luta cresça sete vezes sete. Sete palavras e sete caminhos: vida, verdade, fome, paz, democracia, liberdade e justiça. Sete caminhos que dão força ao bastão de comando de chefes dos homens e mulheres verdadeiros. Recebe, assim, o bastão de comando das sete forças. Leva-o com honra e que nele não andem as palavras que os homens e mulheres verdadeiros não dizem. Não és mais tu, agora e sempre és nós.

    * Etnias indígenas que compões o EZLN. (N. da E.)

    quinta-feira, 21 de maio de 2009

    As Três Flores da Esperança - EZLN


    “México, 18 de Maio de 1996.

    À sociedade civil onde quer que se encontre.


    Desculpe, senhora sociedade civil, que a distraia de suas múltiplas ocupações e reiteradas angústias. Escrevo-lhe apenas para dizer que aqui estamos, que continuamos sendo nós mesmos, que a resistência é ainda nossa bandeira e que ainda acreditamos na senhora. Aconteça o que acontecer, continuaremos acreditando. Porque a esperança, senhora de rosto difuso e nome gigante, já é um vício entre nós.


    Vossa Excelência já sabe que o horizonte se cobre de um cinza que muda para o preto com a mesma celeridade com que andam vendendo nossa história. No entanto, fique sabendo que a liberdade continua estando à nossa frente, que continua sendo necessário lutar e que a história ainda está esperando quem complete suas páginas. Assim são as coisas, e receando que não nos vejamos de novo, aceite três definições muito apropriadas para dias tão nefastos como o que nos esperam:


    Liberdade: Diz Durito que a liberdade é como o amanhecer. Alguns o esperam dormindo, mas outros acordam e caminha durante a noite para alcançá-lo. Eu digo que nós, zapatistas, somos viciados em insônia e deixamos a História desesperada.


    Luta: O Velho Antônio dizia que a luta é como um círculo. Pode começar em qualquer ponto, mas nunca termina.


    História: A História não passa de rabiscos escritos por homens e mulheres no solo do tempo. O poder traça o seu rabisco, elogia-o como escrita sublime e o adora como se fosse a única verdade. O medíocre limita-se a ler os rabiscos. O lutador passa o tempo todo preenchendo páginas. Os excluídos não sabem escrever… ainda.


    Aceite, senhora, estas três flores. As outras quatro chegarão logo… se é que chegam. Tudo bem. Saúde e lembre-se que a sabedoria consiste na arte de descobrir, atrás da dor, a esperança.


    Das montanhas do sudoeste mexicano,
    Subcomandante insurgente Marcos.