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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Passagens da Guerra Revolucionária: O Fim de um Traidor

Contada pelo Cmte. Ernesto Che guevara

No dia 12 de fevereiro de 1957 nos reunimos 18 pessoas; era o "Exército Revolucionário Reunificado". Nesse dia resolveu-se deixar a região de El Lomón e dirigir-se a outras novas. Passamos por um povoado chamado La Montería e depois acampamos num pequeno banco de areia do monte nas proximidades de um arroio, sítio pertencente a um senhor Epifanio Díaz, cujos filhos militavam na Revolução.

Aproximávamo-nos para poder estabelecer contato mais estreito com o movimento, pois nossa vida nômade e clandestina tornava impossível um intercâmbio entre as duas partes do Movimento 26 de Julho. Praticamente, eram dois grupos separados, com táticas e estratégia diferentes. Ainda não se tinham produzido as profundas divisões que mais tarde poriam em perigo a unidade do Movimento , mas já se via que os conceitos eram diferentes.

Naquele mesmo sítio vimos as figuras mais importantes do Movimento na cidade; entre elas, três mulheres conhecidas hoje po todo o povo de Cuba: Vilma Espín, hoje Presidente da Federação das Mulheres e companheira de Raúl; Haydée Santamaria, Presidente Casa das Américas e companheira de Armando Hart e Célia Sánchez, nossa querida companheira de todos os momentos da luta que, um tempo depois, se incorporaria definitivamente às guerrilhas para não deixar-nos mais.

Também conhecemos Armando Hart e para mim foi a única oportunidadede ter contato com o grande líder de Santiago. Frank País era um desses homens que se impõem na primeira entrevista; seu semblante era mais ou menos parecido ao que mostram as fotos atuais, mas tinha os olhos de uma profundidade extraordinária. Frank é outro dos tantos companheiros cuja vida truncada em flor hoje estaria dedicada à tarefa comum da Revolução socialista; é parte do duro preço que pagou o povo para conserguir sua liberdade.

Pela primeira vez ia-nos visitar um jornalista; se tratava do famoso Matthews. Avisaram que redobrássemos a vigilância, pois Eutímio estava nos arredores; rapidamente ordenou-se a Almeida que fosse tomá-lo prisioneiro. Ciro Frías foi o encarregado de dominá-lo, tarefa muito simples, e foi trazido a nossa presença onde lhe encontraram uma pistola 45,3 granadas e um salvo-conduto de Casillas. Naturalmente, depois de verse preso e de terem sido encontrados esses pertences, já não lhe coube duvida de sua sorte. Ele caiu de joelhos ante Fidel, e simplesmente pediu que o matassem. Disse que sabia que merecia a morte. Naquele momento parecia ter envelhecido, nas suas fontes via-se um bom número de cabelos brancos, coisa que nunca tinha notado antes. Este momento era de uma tensão extraordinária . Fidel lhe reprovou severamente sua traição e Eutímio queria somente que o matassem, reconhecendo sua falta. foi uma longa e patética declamação que Eutímio escutou em silêncio de cabeça baixa: perguntaram-lhe se queria algo, e ele respondeu que sim, que queria que a Revolução, quer dizer, que nos encarregássemos de seus filhos. A Revolução cumpriu.

Próxima passagem da guerra revolucionária: O Reforço