BLOQUE ZONA LIVRE em Construção

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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

PASSAGENS DA GUERRA REVOLUCIONÁRIA: Uma Entrevista Famosa

Contada por Cmte. Ernesto Che Guevara

Em meados de abril de 1957, voltávamos com nosso exército em treinamento às regiões de Palma Mocha, nos arredores do Turquino. Naquela época nossos mais valiosos homens para a luta na montanha eram os de extração rural.

No dia 23 de abril, o jornalista Bob Taber, e um operador cinematográfico chegavam a nossa presença; junto a eles vinham as companheiras Celia Sánchez e Haydée Santamaría e os enviados do Movimento na planície, Marcos ou Nicarágua, o Comandante Iglesias, hoje governdor de Las Villas e naquele tempo encarregado de ação no Santiago e Marcelo Fernández, que foi coordenador do Movimento e atualmente Vice-Presidente do Banco Nacional, como interprete por seus conhecimentos de inglês.

Aqueles dias passaram em conformidade com o protocolo tratando de demonstrar aos norte-americanos nossa força e tratamento de evitar qualquer perguntademasiado indiscreta; não sabíamos quem eram os jornalistas; porém, se realizaram as entrevistas com os três norte-americanos que responderam muito bem todas as perguntas segundo o novoespírito que tinham desenvolvido nessa vida primitiva ao nosso lado,ainda que eles não pudessem aclimatar-se a ela e não tivessem nada de comum conosco.

Naqueles dias se incorporou também uma da mais simpáticas e queridas personagens em nossa guerra revolucionária, El Vaquerito. El Vaquerito, junto com outro companheiro, nos encontrou um dia e manifestou estar mais de um mês procurando-nos, disse ser camagüeyano, de Morón, e nós, como sempre se fazia nestes casos, procedemos ao seu interrogatório e a dar-lhe um rudimento de orientação política, tarefa que frequentemente me correspondia. El Vaquerito não tinha nenhuma idéia política nem parecia ser outra coisa que um moço alegre e saudável que via tudo isto como uma maravilhosa aventura.

Como é bem sabido El Vaquerito não pode ver o fim da luta revolucionária, pois sendo chefe do pelotão suicida da coluna 8, morreu um dia antes da tomada de Santa Clara.

Por aqueles dias, maopde 1957, dois dos norte-americanos abandonaram a coluna com o jornalista Bob Taber que tinha acabado sua reportagem, e chegaram são e salvos a Guantánamo. Nós seguimos nosso lento caminho pela cume da Maestra ou suas ladeiras; fazendo contatos, explorando novas regiões e difundindo a chama revolucionária e a lenda de nossa tropa de barbudos por outras regiões da Sierra. O novo espírito se comunicava a La Maestra. Os camponeses vinham sem tanto temor a cumprimentar-nos e nós não temíamos a presença camponesa, posto que nossa força relativa tinha aumentado consideravelmente e santíamos-nos mais seguros contra qualquer surpresa do exército bastiano e mais amigos de nossos camponeses.

Próxima passagem da guerra revolucionária: Jornadas de Marcha