BLOQUE ZONA LIVRE em Construção

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Passagens da Guerra Revolucionária - Combate de "Arroyo del Infierno"

Setembro, mês Amílcar Cabral






Contada, por Cmte. Ernesto Che Guevara

Fidel calculava que o exército viria a nossa procura e que mais ou menos nos localizaria; decidiu preparar nesta região a emboscada que servisse para capturar alguns soldados inimigos. Consequentemente com isso distribuiu as pessoas.

Na madrugada do dia 22, se ouviram alguns disparos isolados pela zona do rio Palma Mocha e isto nos incitou a manter ainda em melhores condições nossa linha; a cuidar-nos mais e a esperar a iminente presença da tropa inimiga.

Devido a que se supunha que estavam os soldados perto, não houve nem café da manhã nem almoço. Com o camponês Crespo tínhamos descoberto um ninho de galinhas e racionávamos o uso que fazíamos dos ovos deixando um, como é habitual, para que seguisse pondo. Esse dia, em vista dos tiros escutamos à noite, Crespo decidiu que deveríamos comer o último ovo, e assim o fizemos. Era meio dia quando observamos uma figura humana em uma das choupanas, pensamos no primeiro momento que tinha desobedecido a ordem de não se aproximar às casas algum dos companheiros. Porém, não era assim; um dos soldados da ditadura era o explorador da choupana. Apareceram depois até seis, e logo se foram,ficando três à vista; pudemos observar como o soldado de guarda, depois de olhar todos lados, afastou umas ervas, as pôs nas orelhas numa tentativa de camuflagem, e se sentou à sombra tranquilamente sem apreensões em sua face claramente visível no olho mágico telescópico. O disparo de Fidel, que abriu fogo, o fulminou, pois só alcançou a dar um grito, algo assim como "ai minha mãe!" e caiu para não levantar-se mais. Generalizou-se o tiroteio e cairam os dois companheiros do infortunado soldado. O combate foi de uma ferocidade extraordinária e logo estávamos fugindo cada um por nosso lado, depois de logrados por nossa parte os objetivos propostos.

Ao fazer a contagem verificamos que tínhamos gasto 900 balas aproximadamente e que se recuperaram 70 de um cinto de cartucho cheio e um fuzil. Isto nos melhorou muito o ânimo e nos permitiu seguir durante todo o dia trepando na direção dos montes mais inacessíveis para escapar à perseguição de grupos maiores do exército inimigo. Assim fomos cair do outro lado da montanha e caminhávamos paralelamente à tropa de Batista, que também tinha fugido, e tinha cruzado os mesmos cumes das montanhas para seguir o rumo ao outro lado; durante dois dias nossas tropas e as tropas do inimigo avançaram quase juntas , sem dar-se conta disto; uma vez dormiram em duas choupanas separadas apenas por um pequeno rio como é o de La Plata, e algum par de meandros entre si. O tenente que comandava a patrulha se chamava Sánchez Mosquera e seu nome se fez famoso na Sierra Maestra por suas depredações de todo o tipo. É bom explicar que os balaços ouvidos por nós horas antes da ação foram disparados para assassinar a um "pombo de haitiano" que se negava a dirigir as tropas até nosso esconderijo. Se não tivessem cometido esse assassinato não nos teriam encontrado bem alertas.

Estávamos novamente sobrecarregados de peso levando muitos de nós dois fuzis; nesta situação não era muito fácil o caminho , mas evidentemente era outra moral a que imperava , diferente à que ostentávamos depois do desastre de Alegría de Pío . Poucos dias antes tínhamos derrotado um grupo menor em número, entrincheirados num quartel; agora derrotávamos uma coluna em marcha superior em número a nossas forças e pôde-se experimentar a importância que tem neste tipo de guerra liquidar as vanguardas, pois sem vanguarda não se pode mover um exército.

Próxima passagem da guerra revolucionária: Ataque Aéreo