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terça-feira, 7 de junho de 2011

Denunciado trato cruel a prisioneiros políticos colombiano


Bogotá, 5 jun (Prensa Latina)

Os presos políticos colombianos são submetidos a tratos cruéis e a ações desumanas, denunciou hoje Diego Martínez, secretário permanente do Comitê Executivo pela Defesa dos Direitos Humanos.

Em entrevista à Prensa Latina, Martínez - advogado de profissão - afirmou que atualmente os mais de 7.500 prisioneiros de consciência no país vivem em condições degradantes e de superlotação.

"Na Colômbia não está ratificada a prisão perpétua, mas, na prática, há prisioneiros políticos cumprindo várias penas de mais de 30 anos", advertiu.

Por outro lado - agregou - "estamos falando de condições de superlotação em muitas prisões do país".

O ativista também advertiu que "na Colômbia se vem implantando um modelo de cárcere industrializado e privado, muito ao estilo das prisões norte-americanas, que sem dúvidas são o pior exemplo de tratos dignos para os réus", destacou.

Daí a necessidade de convocar a sociedade colombiana, através de um encontro, a atentar para estes temas, afirmou o secretário.

Com isso, Martínez se referiu a um fórum que sessiona desde ontem e até hoje em Bogotá, mediante o qual busca-se aumentar a visibilidade diante da opinião pública sobre a crítica situação da qual padecem os presos políticos na Colômbia.

Convocado por organizações da sociedade civil, entre os objetivos do encontro também está denunciar os casos de detenção de lutadores sociais e populares e de defensores de direitos humanos, no marco da criminalização da oposição política.

O fórum - de cujo comitê organizador Martinez é membro - pretende também ser um palco sobre o contexto no qual se inserem as causas pelas quais existem prisioneiros em Colômbia.

Com isto, busca-se permitir o intercâmbio de experiências organizativas, de motivação e de luta daqueles que têm sofrido e sofrem a privação de sua liberdade por razões políticas e ideológicas.

Presos políticos participaram ativamente, ontem, da iniciativa, por meio de seus escritos ou de intervenções telefônicas.

Não obstante, o fórum foi estigmatizado em seus objetivos, trazendo como consequência repressão nos centros prisionais do país, de acordo com denúncias do Coletivo de Advogados José Alvear Restrepo.

Diante disso, os organizadores do encontro solicitaram que a opinião pública não seja desinformada e que não se desate uma caça às bruxas ao interior dos centros prisionais, como, segundo advertiram, já é costume.

Por outra parte, Martínez celebrou em suas declarações à Prensa Latina o fato de que a justiça colombiana tenha absolvido o professor Miguel Angel Beltrán, que permaneceu dois anos na prisão após ser acusado de rebelião e de ser membro da guerrilha.

Martinez qualificou como "importante" esta decisão e recordou que a sentença baseia-se na invalidação jurídica das supostas informações contidas nos supostos computadores do chefe guerrilheiro Raúl Reyes.

Em sua opinião, essa sentença ratifica como a força militar vem desempenhando funções de polícia jurídica, montando processos falsos contra opositores colombianos, como o caso de Beltrán.

À indagação sobre o que ocorreria agora com os demais processos abertos contra vários políticos e que se baseiam nas tais informações dos levados e trazidos computadores, Martínez mostrou suas reservas.

"A decisão deve ser o fim imediato das investigações que se baseiam nesses computadores, da perseguição e das montagens judiciais", expressou.

"No entanto", alertou, "temos ouvido que, pelo contrário, a ideia da Promotoria Geral é dilatar essa série de processos contra as pessoas cujos nomes supostamente aparecem nos computadores".

Essa apreciação é partilhada por muitos dos participantes do fórum, denominado Encontro pela Liberdade dos Presos Políticos, "Longa Vida às Borboletas".