BLOQUE ZONA LIVRE em Construção

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sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Passagens da Guerra Revolucionária - "Ataque Aéreo"

Setembro, mês Amílcar Cabral
Contada por: Cmte. Che Guevara








Depois do combate vitorioso contra as forças de Sánchez Mosquera, tínhamos caminhado pelas ribeiras do rio de La Plata e , depois, cruzando o Magdalena, tínhamos voltado à zona já conhecida por nós em Caracas. Mas o ambiente que existia alieradiferente ao que tínhamos vivido a primeira vez, quandoa estivemos escondidos nessa mesma colinae todo o povo nos apoiava; agora as tropas de Casillas tinham passado semeando o terrorpela zona. Os camponeses tinhan-se ido e só ficavam suas chupanas vazias e lagum animal que nós sacrificáva-mos para comer. A experiência nos ensinava que não era correto viver nas casas, de modo que, depois de passar a noite numa delas, solitária , subimos ao monte e estabalecemos nosso acampamento ao pé de uma aguada, quase na cima da colina em Caracas.

Ali recebi uma consulta de Manuel Fajardo, perguntando-me se era possível que perdêssemos a guerra. Nossa resposta, independentemente da euforia de alguma vitória, era sempre a mesma: que a guerra se ganhava inquestionavelmente. Explicou-me que me perguntava isso porque o galego Morán, tinha-lhe dito que não era possível ganhar a guerra, que estávamos perdidos e o convidam a abandonar a campanha. Pus em conhecimento de Fidel estes dados mas encontrei-me com que, por previsão o galego Morán já tinha informado a Fidel Castro que estava fazendo algumas sondagens para provar a moral da tropa. Convimos que este não era o sistema ,ais apropriado e Fidel deu uma peqena arenga instando a uma maior disciplina e explicando os perigos que podiam ter se faltavam a ela. Anunciou além disso que três delitos se castigariam com a pena de morte: a insubordinação, a deserção e o derrotismo.

Nessas condições estávamos no dia 30 de janeiro pela manhã. Eutimio Guerra, o traidor, tinha pedido permissão para ir ver sua mãe doente e Fidel tinha-lhe concedido, dando-lhe além disso algo de dinheiro para a viagem. Segundo ele, a viagem duraria algumas semanas; ainda não tínhamos compreendido uma série de fatos que depois foram claramente explicados pela atuação posterior deste sujeito. Ao juntar-se novamente com a tropa, Eutimio disse que tinha chagado perto de Palma Mocha quando se inteirou que estavam as forças do governo atrás de nossa pista e que tinha tratado de ir avisar-nos, mas já encontrou só alguns cadáveres de soldados na choupana de Delfín, um dos camponeses em cujas terras realizou-se o combate de Arroyo del Infierno, e que tinha seguido nossa pista pela Sierra até encontrar-nos ali. Na realidade o que aconteceu é que ele tinha sido feito prisioneiro e estava trabalhando como agente inimigo pois tinha combinado receber dinheiro e um grau militar para assassinar Fidel.

Como parte do plano, Eutimio tinha saido do acampamento o dia anterior e no dia 30 pela manhã, depois de uma noite fria, quando começávamos a levantar-nos, escutamos o zumbido dos aviões que não podiam ser localizados pois estávamos no monte. O fogão aceso estava aproximadamente a duzentos metros mais abaixo numa pequena aguada, onde estava a ponta de vanguarda. De repente ouviu-se o vôo em picada de um avião de combate, o matraqueamento de umas metralhadoras e, em pouco tempo, as bombas. Nossa experiência era muiot escassa naqueles momentos e ouvíamos tiros por todos os lados. As balas de calibre 50 explodem ao contato com a terra e batendo perto de nós davam a impressão de sair do mesmo monteao mesmo tempo em que se ouviam também os disparos das metralhadoras desde o ar, ao sair as balas. Isso nos fez pensar que estávamos sendo atacados por forças de terra.

No dia 2 de fevereiro, ao cumprir-se dois meses do desembarque do Granma, estava um grupo homogêneo reunido; tinha-se incorporado a ele uns dez homens mais provenientes de Manzanillo e nos sentíamos mais fortes e com melhor ânimo que nunca. Tivemos muitas discussões de como se tinha produzido a surpresa e o ataque dos aviões e todos coincidimos em que o fogão de dia e a fumaça que desprendeu a fogueira tinha guiado os aviões até lá. Durante muitos meses e talvez durante toda a guerra, as recomendações daquela surpresa pesaram no ânimo da tropa e até o final não se fizeram fogueiras ao ar livre durante o dia.

Próxima passagem da Guerra Revolucionária: Surpresa nos altos de Espinosa

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